Era uma tarde de verão em Porto Alegre, quando meu pai e eu decidimos ir ao Gigante da Beira – Rio para assistirmos ao intitulado, pela imprensa gaúcha da época , “Gre – Nal do Século”, clássico este, válido pelas semifinais do Campeonato Brasileiro de 1988 que estava sendo decidido no início do ano seguinte, devido a uma das inúmeras peripécias da gloriosa CBF.
Este duelo, que definiria um dos finalistas daquele Brasileirão, possuía como ingrediente especial, a possibilidade ao vencedor de disputar a Copa Libertadores da América , visto que naquela época o Brasil era representado na competição mais importante da América do Sul pelo campeão e vice do campeonato nacional . Os protagonistas daquele Gre – Nal eram, por parte do Inter, o goleiro Taffarel , titular da seleção brasileira naquele momento e o atacante Nílson , artilheiro do campeonato com 13 gols. Quanto ao Grêmio, destacavam –se os meias Cristóvão e Cuca, jogadores em nível de seleção e o atacante Jorge Veras, carrasco do Inter em clássicos anteriores .
Uma curiosidade envolvia os técnicos de ambas as equipes naquela decisão. De um lado, Rubens Minelli , representando o Grêmio , logo ele que havia sido bicampeão brasileiro com o Inter em 1975 e 1976 e do outro o então jovem treinador Abel Braga, que mais tarde seria o comandante do colorado em suas maiores glórias.
Após esse preâmbulo inicial , vamos às incidências do jogo. No primeiro tempo, o jogo manteve –se equilibrado até que, para desespero do meu pai e de todos os colorados que lotavam o Beira – Rio, Marcus Vinícius acerta um chute despretensioso de fora de área e surpreende Taffarel, marcando Grêmio 1 x 0 . Para piorar, ao final da primeira etapa, o lateral – esquerdo alvi – rubro Casemiro é expulso por cometer uma falta violenta em um jogador gremista .
Depois do catastrófico primeiro tempo, meu pai ainda acreditava em uma virada histórica do Inter, mesmo com um homem a menos em campo. Quando as equipes retornaram após o intervalo, o velho percebeu que o Inter vinha com uma alteração. Diego Aguirre, atacante uruguaio vindo da Fiorentina e campeão da Copa Libertadores em 1987 pelo Peñarol, havia entrado no lugar Leomir, um volante. Neste instante, ele murmurou apenas uma frase : “Meu filho, este Abel é completamente maluco”.
Santa insanidade , esta do Abel . O Inter virou o placar com dois gols do artilheiro Nílson e qualificou –se para disputar a final do Campeonato Brasileiro de 1988 contra o Bahia. Infelizmente, o título ficou com os baianos comandados por Bobô & Cia.
Vocês talvez estejam se perguntando porque contei essa história . Eu explico: o Gre- Nal do Século foi a última partida de futebol na qual desfrutei da companhia de meu pai, que fatidicamente faleceu em um acidente automobilístico cinco dias após aquele jogo. Ao assistir a final contra o Bahia em casa, fiquei com a sensação de que se eu estivesse com meu pai no Beira – Rio naquele dia, tudo poderia ter sido diferente.
Por fim, agradeço aos amigos Ben Hur, André e Marcos pela oportunidade dada a mim de participar da chamada “École Luxiuosa” e espero contribuir para o fortalecimento e sucesso desse blog.
Magrão,
ResponderExcluirMe fogem as palavras para comentar o teu post, mas em primeiro lugar queria te dizer que pra mim é um grande previlegio em ter vc como amigo, colega e parceiro de École Luxiuso. Quanto ao GreNal do século eu vejo o quanto ele nós marcou de uma forma ou de outra, alguns mais outros menos, o certo é que ficamos eternamente marcados por esses momentos... Uma coisa posso te dizer muito embora não tenha conhecido o teu pai tenho a certeza lendo o teu post , que se ele tivesse entre nós realmente bateriamos o Bahia, mas em contra-partida tenho a certeza que o teu velho estava lá no Gigante em 2005, la em Oklahoma em 2006, e por ai...Ben Hur
Grande Rafa, seguinda tendencia emocional na qual nosso blog vem passando seja bem vindo, com certeza suas contribuições serão de grande importancia a École Luxiuosa, sobre o Gre-Nal do século eu era muito criança e não lembro, mas tua história desse dia passa a ser nossa história também.
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