sábado, 6 de agosto de 2011

Pelo visto vivo em um mundo paralelo

Saio agora de um encontro de formação dos educadores do Projeto Cidade Escola - FECI. Me considero sempre uma pessoa crítica, mas depois dessas reuniões esse sentido ferve e ainda bem que o Luxiuoso existe para poder desabafar. Desde abril me mudei da casa dos pais em Porto Alegre, situada em um dos bairros mais agitados e repleto de atrações que me ocupavam, para Cachoeirinha, em um bairro pacato e distante do movimento da cidade e muito mais longe do movimento da vida antiga. Junto com a mudança de endereço, houveram mudanças significativas no estilo de vida e na rotina. Hoje assisto muito mais televisão que antes, e por muito tempo fiquei restrito a TV aberta somente e nem avalio como uma mudança negativa. Por exemplo: passei a acompanhar mais o noticiário e até novelas. E aí está o embrião que culminou nesse texto. Espero conseguir tratar esse assunto polêmico, sem ofender nada e ninguém.
Somando minha convivência, meio em que vivo e essa nova prática televisiva chego a alguns pensamentos que me incomodam. A novela principal da rede Globo tem abordado a homofobia, ilustrando casos de preconceito e recorrentes agressões. Até aí ok, é uma prestação de serviço importante e gera a discussão na sociedade, o que é sempre positivo. No noticiário e programas diversos tenho reparado cada vez mais espaço para reportagens relacionadas a animais de estimação, especialmente cães. Até aí também tudo bem, são assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas e a mídia sempre explora as demandas da população. Mas o ponto que quero criticar é a maneira como se aborda os dois assuntos. Começando pelo caso da homofobia, principalmente na novela, vejo uma barra enorme sendo forçada não só pelo fim da homofobia, pela tolerância, aceitação e etc. Vejo na novela uma abordagem maniqueísta, uma espécie de luta do bem contra o mau. Pelo que ali se mostra parece que só quem vive o preconceito, é agredido covardemente, é assaltado ou passa por dificuldades. Todos personagens homossexuais são bem sucedidos, boas pessoas e de caráter perfeito. Até entendo isso, afinal não é fácil mesmo passar o que essas pessoas passam e seria desnecessário criar um personagem gay e assassino, por exemplo, seria um desserviço a causa. Mas o que critico é que parece que não basta apenas a aceitação, mas também a ideia de que só é boa pessoa aquela que apóia a causa e a admira. Eu gosto sempre de me posicionar, e aqui não serei diferente, não tenho nenhum problema com nada disso, mas também não acho a coisa mais linda do mundo e acho que tenho direito de pensar assim. Assim como pra todos aspectos que constituem a sociedade, algumas nos identificam e outras não, mas independente disso devemos aceitar e respeitar todas, e é isso que eu faço. Talvez o melhor recado que a novela poderia dar era o de respeito e de aceitação, mas acho que já está sendo distorcido isso tudo e que já estão enfiando guela abaixo de que todos temos que achar a maior maravilha do mundo o homossexualismo. Essas campanhas de conscientização na minha opinião estão cometendo o mesmo erro nas quais condenam os "heteros convictos"(entenda heteros convictos diferentes de homofobicos), o preconceito com quem age ou pensa diferente daquilo que se identificam. Em uma esfera diferente, mas que ainda tem a ver com assunto é a relação que a sociedade vem tendo em relação aos cães. Só tem bom caráter que ama cachorro. Chove textos na internet, reportagens na TV dando uma importância demasiada aos bichos. Essa "humanização dos cães" na minha opinião é preocupante, pois a mesma pessoa que gasta 2.000 reais numa festa de aniversário de cachorro (e tem direito de fazer isso), as vezes é a mesma que vira o rosto para uma pessoa passando fome na rua , ou até mesmo sonega um imposto que tira a verba da saúde ou educação afetando muitas outras PESSOAS. Mas para essas pessoas que fazem isso, ruins são as que não gostam de cachorro ou que não adotam um cão, por exemplo. Em tempo também quero me posicionar, não tenho nada contra os bichos e acho horrível maltratar cachorros, mas também acho o mesmo com gatos, sapos, onças, micos e HUMANOS. Acredito que tenho o direito de  não amar cães como essas pessoas amam, e nem por abraçar a causa homossexual como alguns querem. Mas nem por isso acho que as pessoas que pensam como eu são ruins, são homofóbicas ou não prestam.
Quero deixar muito claro que estou abordando esse tema a partir das abordagens da mídia que estão me deixando desconfortável, de forma alguma por semelhanças ou comparação dos temas. Acho que a televisão e as pessoas em geral estão distorcendo a forma de abordar temas necessários, se tudo começou por problemas relacionadas aos "valores da sociedade", acho que algumas coisas estão passando do ponto e novamente valores estão sendo distorcidos. Cada vez mais o meio termo parece errado, como sou meio termo pra quase tudo, não me encaixo em nada e não me sinto certo em nada, vivendo num mundo paralelo.