terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Já vai tarde 2010

E não é que 2010 chegou ao fim? Época do ano onde todo mundo corre pras lojas do shopping, que os punks ouvem Papai Noel Filho da Puta do Garotos Podres (mas esperneam se não ganham um Ipod), especial do Roberto Carlos na televisão, limbo futebolístico e um calor subsaariano (pelo menos na província).
Tal qual Sérgio Chapelin, estou aqui pra comentar alguns fatos desse ano tão curioso que foi 2010, um ano atípico, pra não dizer bizarro.
No Brasil, um ano com BBB, Copa do Mundo e Eleição Presidencial é praticamente um Carnaval o ano inteiro, senão isso, ao menos temos assunto para as mesas de boteco durante o ano todo.
O ano foi marcado por comoções mundiais, logo no início do ano um terremoto de proporções homéricas atingiu o Haiti e dizimou o pouco que ainda sobrava do já castigado país (Nota para a manchete de um popular jornaleco bairrista aqui do sul: "Gaúchos morrem no Haiti", nada como ser o centro do Universo), tivemos também o drama dos 33 mineiros (34 se considerarmos o Atlético) que ficaram presos em um buraco por 3 meses, mas dessa, felizmente, todos (inclusive o Atlético) saíram.
Tivemos algumas perdas importantes esse ano, dentre elas, do escritor português e prêmio Nobel, José Saramago, outra perda bastante notável, foi a perda da seriedade no processo eleitoral brasileiro.
Nós, que orgulhosamente, já elegemos Macaco Tião e Cacareco "O Rinoceronte", perdemos todo nosso crédito ao elegermos Romário, Acelino "Popó" Freitas, Stepan Necessyan e o mais emblemático deles, o palhaço "Tiririca".
Me atenho ao conceito cedido pela UNICEF para ao termo analfabeto quando digo TIRIRICA É ANALFABETO, sinto vergonha de ser representado por ele na Câmara dos Deputados (eu sei, ele foi eleito representante de São Paulo, mas estamos todos no mesmo barco, diferente do que fala a Zero Hora), o pessoal confundiu protesto com burrice.
Outro ponto negativo desse processo foi a campanha, digna das campanhas americanas dos anos 90 atingimos o mais baixo nível, com acusações pessoais de dois candidatos que no geral eram mais parecidos que diferentes entre si.
Falando na eleição presidencial, elegemos a primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Roussef, provável mulher mais poderosa do mundo (se rala Hillary Clinton, Angela Merkel e Cristina "La Rainha Del Botox" Kirchner), não acho que teríamos grandes mudanças elegendo o Sr. Burns, mas entendo que ficaria difiícil coordenar a Usina de Springfield e o Brasil ao mesmo tempo.
Mas já que foi ano de Copa do Mundo, não posso esquecer o futebol, ano de surpresas, nosso anão zangado (Dunga), ficou devendo na Copa do Mundo, mas num mapa geográfico da América do Sul pós-Campeonato Mundial, ainda bateríamos nossos hermanos da terra de Carlos Gardel, se bem que, para alegria de Eduardo Galeano, tomaríamos uma surra dos nosso amigos "Dulce de Leche".
Seguindo no tópico futebolístico e fechando o ano com chave do ouro, tivemos outro fato inédito no futebol mundial (ah, parece que a Espanha foi campeã mundial), tivemos pela primeira vez na história do esporte um time de futebol proveniente do continente africano jogando a final do Campeonato Mundial Interclubes, fato protagonizado pelo glorioso Mazembe do Congo.
Para encerrar essa retrospectiva falha, parcial e curta, deixo vocês com um pouco da alegria desse time africano que encantou o mundo na última semana.
E que venha 2011, sem tanta bizarrice, mas venha.






Boas Festas pra todo mundo

Lucas

domingo, 31 de outubro de 2010

Eleição

Muito embora entenda que o luxiuoso seja um espaço apartidário e multidisciplinar, achei pertinente a publicação de um artigo do Professor Durval Presidente da Anpuh, que é no minímo objeto para a nossa reflexão, lembrando a todos que o Luxiuoso além de um espaço de diverssão de seus escritores e leitores, trata-se também de um espaço sério e mais um forum para que se travem discussões e reflexões em torno do que a acontece em nosso país.

Ben Hur Rezende

Presidente da ANPUH, Durval Muniz, se posiciona a favor de Dilma Roussef e contra a campanha caluniosa de José Serra



By Administrador


Dois Projetos Radicalmente Diferentes


Durval Muniz de Albuquerque Júnior


Estamos num momento decisivo da vida brasileira, onde qualquer omissão pode ser imperdoável. Eu, que faço parte da parcela ainda privilegiada de brasileiros que conseguiu concluir um curso superior e fazer uma formação pós-graduada, não ficaria com a consciência tranqüila se não viesse a público, neste momento, com o uso daquilo que sei fazer: refletir, pensar, para tentar contribuir no sentido de dar um mínimo de racionalidade a um processo eleitoral que, muito pela influência de determinados setores da mídia, mas infelizmente também com a participação decisiva de candidaturas como a de José Serra e Marina Silva, descamba para se tornar uma discussão obscurantista, rasteira, mistificadora e preconceituosa, sobre temas e aspectos nomeados genericamente de “valores”, que interessam de perto aos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade brasileira, fazendo ressuscitar dos porões das almas, das mentes e do interior da sociedade forças e subjetividades microfacistas.


Dirijo este texto àqueles que fazem parte como eu desta parcela letrada da sociedade, notadamente, daqueles alojados no interior da Universidade, e que, para minha surpresa e decepção, vêm manifestando a intenção de votar em José Serra no segundo turno das eleições. Como estou escrevendo para pessoas que julgo estar sob o império da racionalidade, nem me vou ocupar de rebater os motivos e argumentos apresentados para não se votar em Dilma Rousseff, em uma das campanhas mais sórdidas, mais caluniosas, injuriosas e preconceituosas já levadas a efeito no país, com a participação decisiva do candidato Serra e da mídia golpista que o apóia, a mídia que medrou e engordou durante a ditadura militar, campanha só comparável àquela de 1989, que levou ao poder o queridinho das elites brancas da época: o caçador de Marajás, Fernando Collor, (e todos sabem no que resultou aquela aventura amparada em retórica e práticas tão farisaicas, despolitizadoras e moralistas como as que embasam a atual candidatura tucana).


Embora pareça que para estes meus colegas, de estômagos fortes, não causa repugnância e náusea uma candidatura que explora e incentiva o tradicional desapreço e desprezo das elites brasileiras pelos nossos vizinhos da América Latina, pelos africanos e pelos asiáticos (o que fica demonstrado pelos ataques do candidato ao Mercosul, à Unasul, a chefes de Estados de países vizinhos democraticamente eleitos, alguns deles pertencentes a grupos historicamente excluídos naqueles países.


Na crítica à política externa do governo Lula mal se disfarçam a xenofobia e o racismo de nossas elites que sempre se julgaram brancas e sempre tiveram os olhos voltados para os Estados Unidos e para a Europa, onde na verdade sempre sonharam em viver; a política externa de FHC, onde o presidente falava inglês e o chanceler como um lacaio tirava os sapatos para passar nas alfândegas dos países desenvolvidos mostra bem isso); uma candidatura que explora o preconceito contra as mulheres, candidatura sexista, machista e misógina, que claramente tenta desqualificar o lugar da mulher na política e que utiliza a velha tática de pôr em suspeita a sexualidade de toda mulher que ousa desafiar os lugares reservados aos homens (com a conivência de inúmeras mulheres ditas independentes e feministas entronizadas como comentaristas na mídia, como Maitê Proença que chegou a convocar os “machos selvagens” para nos livrarem de Dilma; ressalte-se ainda o silêncio cúmplice de grandes lideranças intelectuais e políticas feministas ligadas ao PSDB, que deixo de nomear por respeito às suas trajetórias, que não deveriam necessariamente votar em Dilma, mas se posicionarem veementemente contra o tipo de campanha que faz o seu partido.


Este silêncio poderá custar caro à muitas conquistas feitas pelas mulheres. Me pergunto como pode ser que intelectuais deste quilate possam estar silenciosas diante do uso aético e mistificador da questão do aborto pelo candidato tucano, será que uma vitória eleitoral compensa a perda de uma reputação construída durante anos na luta das mulheres?


Ainda está em tempo de romperem o silêncio!); uma candidatura que explora e acirra o preconceito contra os homossexuais ao espalhar em emails apócrifos e criminosos na internet a suspeita de que Dilma seria lésbica (e qual o problema se fosse, sabemos com que órgãos de seu corpo ela exercerá a presidência); uma candidatura que açula o preconceito contra o pobre e o nordestino, que como sempre são tomados pelas nossas elites de classe média como aqueles ignorantes, que não sabem votar, que votam com a barriga e não com o cérebro, mesmo que estejam votando por defenderem a continuidade do governo que de longe foi o que mais beneficiou estas duas populações (porque votar em defesa do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, é menos racional que votar em defesa dos lucros exorbitantes conseguidos pelos beneficiários do processo de privatização, inclusive os grandes grupos de mídia e do banqueiro que aposta sempre no Meu Banco, Minha Vida?); uma candidatura que faz das mentiras mais descaradas e das promessas mais fajutas a sua apresentação (toma para si feitos dos outros, copia programas das outras candidaturas, promete fazer o que sempre fez diferente quando esteve no poder).


Claro que não vou perder meu tempo discutindo com vocês, que até agora não vomitaram e ainda continuam convictos do voto em Serra, argumentos de enorme racionalidade para não se votar em Dilma como: ela é um poste, ela matará criancinhas (repaginação sofisticada por Mônica Serra, como costuma ser toda repaginação de quem veste Daslu, a honesta Daslu, de conhecido enunciado anticomunista), ela roubou um banco, ela é assassina, ela vai fechar as igrejas, ela acabará com a liberdade de imprensa e outros argumentos ainda mais sofisticados como: “eu não fui com a cara dela”.


Por respeito a vocês todos que acho não seriam capazes de acreditar nestas baboseiras, passo a tratar de uma única justificativa que me pareceu racional, apresentada para o voto em Serra: o sucesso do governo Lula, que todos admitem, até mesmo o candidato Serra que subiu na sua garupa em plena propaganda eleitoral gratuita, teria se dado por este continuar o modelo de gestão perfeito e vitorioso do príncipe dos sociólogos Fernando Henrique Cardoso (há longo email na internet defendendo este ponto de vista racional e respeitável), embora este tenha sido escondido sistematicamente das campanhas do PSDB desde que deixou a presidência seguido de um sentimento de alívio nacional e já vai tarde na maioria de corações e mentes, até nos de muitos dos que hoje esquecidos ou arrependidos tentam salvar o seu legado e resolvem votar em seu candidato.


Como sou historiador, e este profissional tem como ofício ir ao passado para justamente olhar o presente de outra perspectiva, vou lançar mão de alguns traços da história do pensamento econômico no Brasil para tentar convencê-los de que no dia 31 de outubro estarão em confronto dois projetos radicalmente diferentes de país, duas maneiras distintas de interpretar e entender a sociedade brasileira, sua história, sua dinâmica econômica e social, formas radicalmente distintas de pensar a inserção do Brasil no capitalismo globalizado, nas relações internacionais, formas distintas de pensar a dinâmica do desenvolvimento e o papel que o Estado e as distintas classes e grupos sociais desempenharão neste processo.


E quando digo ser radical é justamente porque, como sabemos, radical é algo que se dá desde as raízes, desde suas matrizes teóricas e políticas. Pretendo mostrar que Serra e Dilma representam projetos bastante distintos para o país, porque PSDB e PT representam formulações teóricas distintas da realidade brasileira. Como estamos diante de dois candidatos que não despertam muitas paixões, talvez possamos ter discussões mais racionais, desde que se esteja disposto a se explicitar o projeto que cada um representa (além de representar sua enorme ambição pessoal, seu projeto de ser Presidente da República, de fazer parte da galeria de nossos Presidentes, sonho que ele já realizou, pelo menos na propaganda eleitoral e espero que só lá; Serra representa um projeto de governo que não pode explicitar, que não pode revelar sob pena de não ser eleito, por isso ele protocolou como programa de governo no TSE um discurso, mesmo assim tendo a candidatura deferida: por lá também os amores serristas parecem ter se intensificado, até com trocas de telefonemas amáveis).


Para entendermos o jeito PSDB de governar temos que entender as matrizes teóricas que sustentam suas ações. É inegável que o intelectual orgânico, para usar um conceito caro a Gramsci, deste partido é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, intelectual respeitado mundialmente.


Emir Sader já perguntou perplexo uma vez: o que pensa o Serra? Ninguém sabe, ninguém viu. O hoje elevado a condição de elite das elites, o guia das “massas cheirosas”, segundo a Catanhede, que se saiba nunca teria concluído os cursos de graduação que diz ter e sua Tese de Doutorado, da qual voltarei a falar, anda desaparecida da única biblioteca em que está depositada (por que será que o vaidoso Serra nunca traduziu e trouxe a lume sua obra máxima?).


Ele passou oito anos no governo FHC, exercendo diferentes cargos, sempre aparecendo na mídia como estando à esquerda no partido, como crítico de Malan, como alguém que criticara o Plano Real, mas jamais escreveu algo sobre isto e no governo permaneceu.


Como gestor de mandatos nunca concluídos, não foi capaz de imaginar uma política pública, um programa de governo que possa se dizer original e criativo, se notabilizando mais por desmontar e destruir o que vinha sendo feito antes, até mesmo pelo seu companheiro de partido Geraldo Alckmin (pensem nisso amigos queridos, se duvidarem de mim, pesquisem sobre o desmonte dos programas sociais e educacionais deixados pela Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo). Não é preciso dizer dos inúmeros prêmios internacionais recebidos por diferentes gestões do Partido dos Trabalhadores em municípios, Estados e agora nos dois governos Lula por imaginar e criar inovadoras políticas públicas (se duvidarem, pesquisem: só o Presidente Lula já ganhou até agora mais de duzentos prêmios internacionais, há um site não nacional que se dá o trabalho de arrolá-los todos).


Mas como dizia é no pensamento de FHC que devemos buscar as raízes das propostas pessedebistas para o país. É na Teoria da Dependência, da qual Fernando Henrique foi um de seus formuladores, notadamente na corrente chamada de weberiana, que rivalizava com a chamada corrente marxista encabeçada por Theotônio dos Santos e Ruy Mauro Marini, que devemos buscar o entendimento de como o PSDB vê o país e seu povo, inclusive sua classe empresarial, já que, como sabemos, Cardoso se dedicou a fazer uma sociologia do empresariado brasileiro, de seu comportamento e pensamento.


A Teoria da Dependência surge no início dos anos sessenta, diante da crise crescente apresentado pelo modelo nacional-desenvolvimentista de matriz cepalina que esteve na base da política econômica de governos tão díspares e que a realizaram com ênfases distintas como os governos Vargas, Juscelino Kubsticheck e João Goulart.


Quando uma vez na Presidência da República, Fernando Henrique se propôs a enterrar a era Vargas, ele estava realizando o projeto da Teoria da Dependência que criticava algumas formulações básicas do pensamento cepalino e neoclássico, que na versão henriquiana se afastava também das leituras marxistas tanto vindas do pensamento da CEPAL, quanto no interior da própria Teoria da Dependência, propondo assim o desmonte do Estado nacional-desenvolvimentista e populista, fantasmas que são brandidos hoje pelos economistas e “experts” de plantão convocados pela mídia, que estariam sendo reabilitados pelo governo Lula. Em entrevista com Dilma, Miriam Leitão chegou a comparar o que seria o nacional-desenvolvimentismo de Lula com a política econômica da ditadura militar. Como disse sutilmente Dilma: a Leitão sempre ouve o galo cantar mas não sabe aonde.


É inegável que as formulações econômicas, mas também sociais e políticas do governo Lula têm a sua matriz no pensamento nacional-desenvolvimentista cepalino, mais precisamente no pensamento do maior economista brasileiro, o paraibano Celso Furtado, por quem Lula sempre teve uma admiração quase devocional. Como sabemos Celso Furtado se manteve ativo, produzindo e participando diretamente da vida política brasileira até pouco tempo antes de sua morte.


Seu pensamento passou por reformulações e ajustes, mas manteve uma espinha dorsal que, como tentaremos deixar claro, é a própria espinha dorsal do projeto que hoje a candidatura Dilma assume e que queremos ver continuar com ela. É preciso ainda chamar atenção para dois aspectos relevantes: o atual Ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi mesmo dentro do PT identificado como um nacional-desenvolvimentista, dedicou seu trabalho de doutorado a estudar o pensamento de Celso Furtado e, é preciso lembrar ainda, que Dilma Rousseff começou a sua militância administrativa no Rio Grande do Sul, ligada a um governo do Partido Democrático Trabalhista, encabeçado por Leonel Brizola, muito próximo das formulações nacional-desenvolvimentistas.


A grita e o arreganho de dentes, sem pejos, da mídia neoliberal no Brasil se deve ao fato desta identificar em Dilma não uma mera continuidade, mas um aprofundamento da visão nacional-desenvolvimentista em seu governo em relação ao governo Lula. A acirrada querela em torno dos destinos da Petrobrás, empresa símbolo das conquistas que o nacional-desenvolvimentismo de inspiração cepalina trouxe para o Brasil, assim como em torno dos destinos dos financiamentos do BNDES, que não podemos esquecer teve como seu formulador e primeiro Presidente Celso Furtado, torna claro que o que está em jogo nestas eleições não é a religiosidade ou não da Dilma, sua sexualidade, sua experiência administrativa ou seus “valores”, são de “outros valores de que se trata” (como a Marina e seus seguidores verdes, pelo menos os sinceros, foram cair numa armadilha dessas, como podem manchar uma trajetória de vida e política de anos se colocando a serviço de forças e interesses que parecem desconhecer, tudo por causa de quinze minutos de fama na Rede Globo, que a teria triturado com os mesmos argumentos vis e baixos com que faz com Dilma se ela efetivamente tivesse viabilidade eleitoral).


Pecado mortal de Furtado e de Lula, ambos olharam para o Nordeste, ambos são filhos deste rincão enjeitado do país, onde medra uma das piores elites políticas desta terra, ambos não abriram os olhos no planalto paulista, onde luminares como Otavinho Frias e a família Mesquita distribuem a agenda para o país, em consonância com um partido que nunca lançou uma candidatura que não seja paulista, deixando claro a falta de visão de Brasil que os assaltam, como assaltava à Teoria da Dependência. Formulador da SUDENE e seu primeiro superintendente, Furtado sempre apostou no Estado como indutor de uma política de industrialização capaz produzir o desenvolvimento apesar da dependência externa.


Sabemos que desde que FHC aderiu às teses neoliberais, pois estas já estavam em germe em seu pensamento, como deixaremos claro a seguir, a crítica a esta centralidade do Estado, de seu papel como indutor de políticas cambiais, fiscais, de investimento, de distribuição de renda, de combate às desigualdades regionais e sociais, que alavancassem um desenvolvimento endógeno do capitalismo brasileiro, será a pedra de toque do discurso econômico do PSDB, por isso mesmo se aliando a um partido de extrema direita, o antigo PFL, agora DEM, com vagas formulações liberais, um baluarte na luta pelos interesses dos grandes grupos privados nacionais e internacionais em detrimento dos interesses nacionais.


Desmontar o Estado, desmontar as empresas duramente criadas e conquistadas à duras penas com a acumulação de capital realizada pelas políticas nacional-desenvolvimentistas passou a ser a obsessão dos governos do PSDB, tendo em Serra um dos maiores entusiastas, a abrir seu sorriso cheio de gengiva sempre que batia um martelo e entregava o produto de anos de suor dos trabalhadores brasileiros para os capitais nacionais e internacionais, muitos de duvidosas origens, outros sendo agraciados com ajudas vultosas do BNDES para comprarem com dinheiro público e privatizarem o que era público.


Tanto a Teoria da Dependência, quanto a Teoria do Desenvolvimento, elaborada pelos cepalinos, revista e aperfeiçoada por Furtado, concordavam em superar a visão apenas sistêmica e baseada no equilíbrio de fatores da economia neoclássica. Ambos por vias distintas, vão aliar as reflexões econômicas com reflexões sobre as estruturas e relações sociais no país e o papel da política e do Estado na gestão da economia. Podemos dizer que ambas refletem o impacto que representou o pensamento keinesiano para o campo econômico, e sua capacidade de formular as políticas públicas que retiraram os EUA e o restante do mundo da crise sistêmica de 1929.


Só que ambas divergem num ponto fulcral, notadamente na versão weberiana encarnada pela obra de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto: ambas concordam que o subdesenvolvimento é produto do próprio desenvolvimento do capitalismo, que se dá desigualmente gerando um centro e uma periferia do sistema, que tende a reproduzir subordinadamente a dinâmica que é dada pelas economias centrais e seus modelos. Ambas concordam na possibilidade de haver desenvolvimento mesmo na periferia, de haver desenvolvimento apesar da dependência e da subordinação, mas divergem frontalmente de como isto seria possível.


Nesta divergência estão as raízes das divergências entre as políticas não só econômicas, mas sociais, de relações internacionais, de alianças políticas, de formulação de políticas públicas que estão representadas nas candidaturas Serra e Dilma. Na Tese de Doutorado que defendeu nos EUA, Serra teria criticado a política econômica do governo Allende do qual participara, com Allende já morto e deposto pelo golpe de Estado apoiado pelo governo americano (Serra parece adorar criticar os governos de que participa, pois quem conhece a peça sabe de sua megalomania e de sua vaidade infinita, além de que, aqui, amigos, merece uma parada para reflexão: como é que alguém que serviu ao governo Allende vai parar nos EUA e é recebido pelo governo que patrocinou o golpe no Chile, terá sido para Serra escrever o que escreveu?).


A crítica se centra não apenas no combate ao pensamento cepalino, esposado ainda por setores presentes no governo chileno, como no combate a Teoria da Dependência em sua versão marxista, que não acreditava ser possível haver desenvolvimento nos países periféricos sem a derrubada revolucionária do capitalismo. Talvez a mistura explosiva do reformismo cepalino com o revolucionarismo daqueles que pensavam diferente de FHC, que sempre descartou a necessidade de uma revolução socialista para que o desenvolvimento se fizesse na periferia do sistema, tenha levado ao desastre da política econômica de Allende atacada na Tese do aspirante a Presidente da República pelo PSDB. Talvez assim possamos entender porque Lula e sua política econômica já foi chamada por grandes luminares da imprensa e da vida parlamentar de bolchevista e até de albanesa (seriam ilários, se não fossem tão primários).


A diferença matricial entre as duas posturas gira em torno da possibilidade de um desenvolvimento capitalista, porque é disso que se trata, não de revolução ou bolchevismo, feito na periferia, colocando como centro do processo a aliança estratégica entre empresariado nacional, Estado e classes trabalhadoras por um lado e os setores externos por outro, aquilo que FHC andou chamando de mexicanização, venezualização, retorno do peronismo (como usa bem e precisamente as categorias nosso sociólogo).


Para as formulações cepalinas lá dos anos cinqüenta, com seu nacionalismo típico da época, as forças externas eram encaradas como obstáculo ao desenvolvimento do país, assim como as forças internas a eles aliadas como os setores agrário-exportadores. Mesmo reformulando mais tarde estas ideias, Furtado mantém a opinião que o processo de desenvolvimento, em países como o Brasil, deve ter como motor as forças econômicas, sociais e políticas nacionais, que saibam inserir o país na economia global, mas tendo seus interesses estratégicos sempre à frente e bem definidos.


Para ele, o Brasil tinha um enorme potencial de crescimento endogenamente gerado por seus amplos recursos naturais, por já ter internalizado e desenvolvido o processo de industrialização, devendo ampliar bases técnicas, tecnológicas e educacionais próprias, o país já possuía a enorme potencialidade de um grande mercado consumidor de massas, bastando para isto que fossem prioritárias em qualquer política econômica a ênfase em mecanismos distributivos de renda e de redução das desigualdades regionais.


O governo Lula e o sucesso reconhecido mundialmente, até pelos órgãos de imprensa econômica mais conservadores, de sua política econômica, aliada a políticas sociais de distribuição de renda, como o Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo, provou que as teses de Furtado estavam certas. Foi por ter criado um mercado de consumo de massas no Brasil, com a ascensão de parcela significativa da população para as classes médias e a retirada de outras tantas da linha da pobreza absoluta que o Brasil pode enfrentar e vencer rapidamente, com suas próprias forças, a grave crise que vivem os países centrais do capitalismo.


A Teoria da Dependência de FHC nunca acreditou na possibilidade de se fazer o desenvolvimento sem que a direção do processo se desse nos próprios países centrais do sistema. Avaliando como sociólogo a mentalidade empresarial brasileira, FHC sempre foi pessimista em relação a esperar das forças nacionais o nosso necessário desenvolvimento.


Daí por ser um crítico de primeira hora das ideias cepalinas que vêem o elemento externo como obstáculo ao desenvolvimento nacional, que dá imediatamente enorme audiência ao seu discurso no mundo e, por incrível que pareça, entre nossa elite empresarial que parece ter aceitado com gosto e alegria o lugar menor e subalterno que o pensamento da dependência lhes reservava, talvez porque sempre no fundo se sintam não pertencentes ao país, mas estrangeiros em sua própria terra.


Estas formulações da Teoria da Dependência mal disfarçam que requentam teses já bastante gastas entre nossas elites letradas da incapacidade de nosso povo para a civilização, para o progresso, para o trabalho livre, para o desenvolvimento. Nas formulações pessedebistas há clara desconfiança em relação ao nosso povo.


Esta é uma diferença crucial entre Dilma e Serra; Dilma acredita que nosso povo, se estimulado, se receber crédito, se receber salário, se lhe forem dadas condições educacionais e de renda, tem condições de construir um país soberano, capaz de traçar suas próprias estratégias, sem que para isso tenha que se fechar ao mundo, mas tendo uma visão alargada do próprio mundo, não vendo nele apenas o Norte, mas enfatizando a diversificação dos mercados e das relações políticas, diplomáticas e culturais, enfatizando as relações Sul-Sul, tornando o Brasil um país capaz de ajudar a impulsionar o desenvolvimento dos seus vizinhos e países assemelhados ou em níveis piores de pobreza e desenvolvimento humano. Mas se muitos luminares do PSDB não querem que se seja solidário nem no interior da nação, como mostram as políticas predatórias, a guerra fiscal movida covardemente pelo Estado mais rico da nação contra os menores Estados, e a implicância histórica serrista com a Zona Franca de Manaus.


Foi a Teoria da Dependência que inspirou já o primeiro programa econômico apresentado por um candidato tucano a concorrer à Presidência da República. O “choque de capitalismo”, prometido por Mário Covas em 1989, foi finalmente realizado por Fernando Collor e continuado nas duas gestões de FHC e se mostrou efetivamente chocante para a sociedade brasileira. A ideia de que seria expondo os setores da economia brasileira à concorrência externa, abrindo a economia para os fluxos de capital internacionais, privatizando os setores estratégicos dominados pelo Estado e os entregando a moderna gestão empresarial internacional, que se faria o país desenvolver-se, se modernizar, palavra mágica para a Teoria da Dependência henriquiana, se torna o centro das políticas econômicas do PSDB. A concorrência externa também afetaria as relações de trabalho e emprego, as modernizaria, levando a ruína à estrutura burocrático-estatal montada pelo nacional-desenvolvimentismo.


Acompanhada de políticas austeras de gastos públicos, com a redução do Estado, com a modernização e desburocratização da máquina pública, aliada ao combate à inflação, teríamos garantido o desenvolvimento sustentável, aquele que, como vimos, só dava para sustentar os privilegiados de sempre e aos novos que chegaram como um enxame de vespas no lastro do processo de privatização. Ao final, o brilhante resultado desta política, que dizem que Lula apenas continuou, pinçando aspectos menores da política econômica anterior (política de metas de inflação, de superávit primário, de contingenciamento de recursos do orçamento, política de câmbio flutuante, que se esquecem os serristas que só foi adotada depois do desastre provocado pela política de câmbio fixo e Real supervalorizado do pucboy Gustavo Franco, política que empobreceu grande parte do país, mas gerou superlucros nos setores exportadores, principalmente agroexportadores que são eternas viúvas de FHC, como mostra mais uma vez as vitórias serristas em Estados como MT, MS, PR, SC e SP, que se dane a maioria, se a minoria de sempre lucra e muito, está ótimo) que foram mantidos mas subordinados a uma lógica macroeconômica diversa: o país quebrou três vezes, a cada crise econômica em um país lá fora, pois sua economia foi atrelada e completamente exposta às vagas do capital financeiro internacional, fazendo o país acumular uma criminosa dívida em moeda estrangeira, dívida que o governo Lula tratou de reconvertê-la em moeda nacional, garantindo maior soberania sobre as contas internacionais; a quebradeira de setores inteiros da indústria nacional, com o desemprego e a falta de esperança sendo tônica de todo o período, (se reconhecemos que outros setores se dinamizaram como o de telefonia com a privatização, o de energia resultou no apagão histórico de FHC, pois o Estado deixou de investir), o arrocho salarial entre o funcionalismo público, a terceirização e precarização dos serviços se ampliaram, piorando a vida dos mais necessitados do Estado; para os das classes médias que não precisam dos serviços públicos ficou o deslumbramento das novas marcas estrangeiras nas vitrines e dos novos modelos de carros importados e celulares, agora todos se sentiam globais, viviam em Miami, a festa para poucos era geral.


As estradas viraram só buracos, com a exceção daquelas privatizadas, como as do Estado de São Paulo, entregues a grupos privados em troca do melhor preço no ato da concessão e não do menor pedágio, tal como feito no governo Lula, estratégia pensada por Dilma – basta comparar os preços dos pedágios do PSDB e do PT e se notará o jeito diferente de governar, pois se governa para outros grupos sociais, não é para as classes médias apenas, mas principalmente para incluir os mais pobres.


As estradas de ferro sucateadas, a indústria naval e a indústria bélica desmontada, a aeroespacial privatizada. Os brasileiros mais pobres começam a se submeter a migrarem até para o Japão em busca dos empregos que a Petrobrás gerava lá ou na Austrália. Amparada em ampla campanha midiática, que buscava desmoralizar a grande empresa estatal brasileira, o esvaziamento econômico e técnico da Petrobrás preparando para privatizá-la, levou ao trágico acidente do afundamento da Plataforma P-36 (o mesmo governo que não fora capaz de fazer a avançada tecnologia de uma caravela navegar, coisa que os portugueses, tidos em tão baixa conta, já o havia feito desde o século XIV, afundavam uma plataforma e com ela pretendiam afundar a Petrobrás) tal como ocorre agora com os Correios, que sofre inegável campanha de desmoralização, na esperança de que seja a primeira jóia da coroa que Serra, uma vez eleito, leiloará para que assim como na privatização da telefonia se candidatem a OESP, a Globopar, a Folha da Manhã, o Grupo Abril, que tantos esforços fazem em eleger seu candidato do coração e do bolso.


Para concluir, pois já me estendi além da conta, para que vocês meditem bem sobre o passo que darão ao entregar o país a um homem como José Serra, que a mídia que ele financia com dinheiro da educação, enquanto trata os professores de São Paulo a cacetetes e bombas de gás lacrimogêneo, diz ser o mais competente e preparado, convido vocês a ir ao Youtube e assistir um vídeo de uma entrevista dada por Serra ano passado, quando do auge da crise econômica, ao jornalista serrista e de conhecida história de adesão à extrema direita Boris Casoy, onde Serra aparece indisfarçadamente eufórico, com a possibilidade que a crise viesse acabar com a popularidade do governo Lula e facilitar as coisas para ele este ano. Para que sua vontade pessoal de ser Presidente se efetive, como bem diz Ciro Gomes, Serra pisa até no pescoço da mãe, e é capaz de torcer contra o país, que a população venha sofrer este não é um problema para ele, postura que parece ser de muitos de vocês companheiros que resolveram votar em Serra, desde que suas razões particulares justifiquem um voto que pode significar o retorno à miséria de amplos setores da sociedade brasileira, mas vocês têm este direito, votem e depois durmam o sono dos justos.


Mas esta entrevista explicita o desastre que teria sido se ao invés de Lula, de Mantega, das formulações furtadianas que eles representam, fosse o ninho tucano e sua teoria da dependência (dependência ao Norte, diria o pândego e arguto Paulo Henrique Amorim) que estivessem no poder. Serra, do alto de sua sabida arrogância e prepotência, tratou logo de desqualificar todas as medidas tomadas pelo governo Lula, com o riso cúmplice e hiênico do Casoy que arrematou que Lula estava fazendo diferente do que todo mundo estava fazendo nos países centrais do capitalismo (que petulância, como pode discordar do centro), ridicularizaram a fala do Presidente de que aqui a crise seria uma marolinha, e seria sim pois os fundamentos da economia brasileira eram outros bem diferentes da era FHC: tínhamos acumulado grande quantidade de reservas internacionais, ao contrário de perdê-las como com FHC, havíamos nos livrado do monitoramento e das restrições impostas pelos acordos com os organismos internacionais, havíamos pago a dívida com o FMI e Clube de Paris e Lula e Mantega não precisavam mais chamar a Brasília a senhora da mala do FMI a cada vez que se precisava tomar uma decisão em matéria de política econômica, industrial, cambial, financeira, salarial, etc, ou seja, Teoria da Dependência gera o que a nomeia, não duvidem.


Serra pomposo dizia: como reduzir impostos agora que todos os Estados querem preservar seu poder de investimento, como aumentar salários agora que eles tenderão a cair, como ampliar investimento no momento em que a arrecadação vai declinar. O sábio, o preparado Serra fez em São Paulo, o que faria no Brasil, aumentou impostos em plena crise, arrochou como sempre os salários (pergunte a um delegado de polícia de São Paulo o que ele acha do salário dele e porque o PCC só cresce), suspendeu investimentos, privatizou a Nossa Caixa, única empresa estatal que restava, rapidamente adquirida pelo governo federal através do Banco do Brasil, que saiu assim fortalecido da crise.


Quando viu o sucesso da política de Lula que, acima de tudo, conta com aquilo que Serra não tem e nunca vai ter: carisma e popularidade, indo a televisão convocar todos a continuar consumindo, explicando como só ele sabe fazer para a população porque era preciso manter o ciclo virtuoso da economia e não se deixar contaminar pelas nuvens negras profetizadas pelos urubólogos e urubólogas serristas de plantão na mídia e pelos próprios partidos da oposição, correu para copiar algumas medidas tomadas pela equipe econômica que ele havia chamada de inepta, que não tinha a brilhante trajetória de gestor econômico que ele tem.


Façam isso, por favor, assistam a este vídeo, e se ainda assim quiserem entregar o Brasil a Serra, que o façam, mas minha consciência estará tranqüila, tentei fazer um esforço em alertá-los. Eu e o Brasil esperam que mudem de opinião e ele não vença, se mesmo assim ele vencer vou torcer para que eu não venha a me divertir tanto quando encontrá-los, quanto me diverti meses após a posse de Collor, vendo os meus colegas coloridos que haviam votado no caçador de marajás e não no sapo barbudo com medo de perderem suas poupanças, reduzidos a CR$ 50,00 em suas contas. Assim como Collor, Serra sempre faz o que diz que não vai fazer, tenham cuidado. Abraço carinhoso a todos e um feliz e refletido voto para vocês e para o Brasil.





quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Perco o amigo...



...mas não a piada!

Abraço. André.

Minhas Impressões sobre Exit Through the Gift Shop (ou o filme do Banksy)

Um breve comentário antes do texto, como a minoria gremista do blog, não estou de acordo com os últimos posts, mas parabenizo os amigos colorados pela conquista da libertadores.


Pronto, parabéns dado, vamos ao texto.

Eu não podia esperar outra coisa de "Exit Throught the Gift Shop" (ou o filme do Banksy), não é só a arte dele (e de outros artistas) que passa em 90 minutos de película, é o artista na tela.
Irônico, debochado e questionador é o mínimo que eu posso falar do filme, o que começa com um documentário normal de Street Art, acaba por deixar em aberto uma (talvez) excelente piada.
Banksy é um mero coadjuvante nesse meta-documentário, o personagem é Thierry Guetta (ou Mr. Brainwash, conforme o andamento do filme), um documentarista francês, radicado nos Estados Unidos, que acaba virando o pricipal cinegafista de alguns dos principais artistas da "street art" mundial.
Ok, mais um documentário sobre como fazer documentários. Apesar das participações de Space Invader, Mr. Andre e Shephard Farey (sabe o poster do Obama? Pois é, ele que fez.), seria só mais um filme mediano, com um elenco melhor que o conteúdo, com nada de novo.
O fascínio de Thierry pela street art é tão grande que ele torna-se um artista (e hoje em dia quem não é?), mas não um artista qualquer, um artista egocêntrico, megalomaníaco e ancorado pelos maiores nomes da street art mundial. Sob o nome de Mr. Brainwash, assina sua primeira exposição, " Life is Beautiful" - sucesso de público, vendas e crítica - onde revisita a pop art (fui descobrir depois de assistir o filme que ele assinou também a capa de " Celebration", ou o último disco da Madonna).
Até aí tudo bem, mais uma película sobre o surgimento do mais novo hype da semana, mas a partir desse momento o filme levanta uma questão interessante (sendo sincero, acho essa discussão meio batida e superficial): A comercialização e o conceito de street art.
Não vou entrar nesse ponto, pois como já disse, acho essa conversa defasada e melhor abordada por muitas outras pessoas, só que essa discussão acaba transformar o rumo do filme. Estranhamente, ao se aproximar do fim do filme ganhar um ar ficcional, uma espécie de grande piada, a veracidade de Mr. Brainwash ou Thierry Guetta passa a ser questionada pelo público.
Sinceramente, não acho que um artista marcado pelo ar questionador, deboche e ironia, perante aos ícones da sociedade lançaria mais um filme sobre um tema já abordado, ficarei muito frustrado se esse for mais um filme sobre street art, acho muito interessante a discussão sobre quem é artista e o quanto dura esse artista (estamos na época do efêmero).
Acho a piada, caso ela seja verdadeira, muito bem bolada e levanta uma questão muito legal, já levantada na pop art, o quão é possível fabricar arte e fabricar o artista.
Corram pro torrent mais próximo que essa uma hora e meia vale muito.




Lucas

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Copa do Mundo, Time do Brasil e a volta do "futebol normal".

Depois do ultimo mês em que só se falou na mídia de Copa do Mundo, futebol, Dunga, África do Sul e outras coisas relacionadas eu tinha decidido que não faria isso aqui, mas depois de ontem decidi mudar isso. Ontem o futebol voltou ao "normal", com o Campeonato Brasileiro voltando a grade de programação da TV naquele "belo" horário de 21:50, voltaram com ele estádios ruins, transmissões ruins, jogos ruins, de pouco público e importância imediata. Depois disso tudo, entendo mais do que nunca a importância que tem a Copa do Mundo para o futebol.
Falando de Copa especificamente, é óbvio que não foi o ano que tivemos o brilhantismo de craques como antigamente, não vimos ninguém perto de Pelé, Platini, Maradona, Zidane, Romário, Ronaldo, Van Basten e blá blá blá... Foi a Copa de bons "conjuntos", boas seleções baseadas na vontade e coletividade. Gostei muito da Alemanha, Holanda, Uruguai e acho que merecidamente a Espanha ganhou, não tem como menosprezar o toque de bola espanhol, a calma e a técnica deles. Não é um time brilhante, mas é a seleção que soube melhor se adaptar aos ferrolhos armados pelas pequenas seleções (mesmo perdendo um jogo para o maior ferrolho da história das Copas a Suiça) e que tentou de sua maneira "jogar" para vencer, parabéns e fico muito feliz pelo título por ter uma identificação com o país.
Em resumo não tenho nada diferente pra falar sobre a Copa do Mundo que passou, mas ao assistir Guarani e Internacional ontem a noite se foi embora todo o sentimento de saco cheio que estava da Copa, já começo a sentir saudades. Sou colorado, mas tenho que admitir que jogo ruim de assistir, creeedo! É duro ter que ver Alecsandro, Mazzola, Fabão e companhia jogando, com Celso Roth e Wagner Mancini comandando as equipes. Faço aqui uma relação com o que vi ontem e Copa do Mundo, pego a seleção brasileira como exemplo. Não era uma seleção, era o "Time do Dunga formado por jogadores nascidos no Brasil" (Time do Brasil). Entende-se seleção por ser convocados os melhores, ou os que estão entre os melhores pelo menos. Dunga fez da seleção Brasileira um time como Inter, Guarani, Grêmio ou Vasco. A seleção (sim, o unico lugar do mundo que se denomina de "seleção" a equipe que representa um país no futebol é o Brasil)como é denominada, que já apresentou boa parte do que tem de melhor para o futebol perdeu totalmente o caráter de seleção, virou um time. Como é possível querer ganhar algo com jogadores como Michel Bastos, Gilberto, Josué, Elano, Gilberto Silva, Graffite e Felipe Melo. Não quero crucificar o Felipe Melo, ele é ruim sim, destemperado, cabeça de bagre e todos sabem disso, só o Dunga não sabia. Como um cara que 6 anos atrás fazia parte do que tinha de pior num time que caia pelas tabelas e que caiu de verdade, quando foi parar na segunda divisão com Grêmio podia se tornar campeão da Copa do Mundo? Imagino a manchete da ZH: "Da segundona para o mundo: Felipe Melo e Grêmio dão a volta por cima e vão do inferno ao céu em 6 anos." Ainda tem uns loucos que acham que o que tem de mais bonito no futebol são volantes como esses, dedicam capítulos em livros para esses jogadres e exaltam justamente as atitudes que fazem com que se caracterizem como jogadores "brucutus". Não é a toa que desde que vi o Grêmio assumir essa identidade como sendo sua, não ganhou mais nada, ainda bem que na seleção brasileira parece que essa moda não vai pegar, porque senão provavelmente aconteceria o mesmo que com o o Grêmio, que pra mim como colorado gosto que "eles" sejam assim, afinal odeio o Grêmio. Mas como com a seleção brasileira nem torço, nem odeio, acho ruim para o futebol se o "pensamento brucutu" vingar.
Entendo mais do que nunca a importância da Copa do Mundo de quatro em quatro anos, sinto que depois dessa copa (que não foi tão bela "plasticamente")passo a gostar mais de futebol do que antes. Vi nessa Copa ferrolhos que tinham sua beleza e que até contribuem para o futebol, afinal de contas quando um ataca outro tem que se defender. A Copa parece existir de tempos em tempos para nos lembrar que futebol de verdade não é o que apresenta Felipe Melo, Sandro Goiano, Edinho, Dinho ou que o Celso Roth, Dunga e Muricy dizem ser nas entrevistas coletivas. Vejo nessa Copa que até o México que saiu nas oitavas de finais sem fazer nada foi mais vencedor e contribuiu mais pro futebol do que o "Time do Brasil".

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ressaca Intelectual

Começo a minha postagem me desculpando com os leitores e com os amigos luxiuosos, pois á muito não venho por aqui. Estava vivendo uma espécie de ressaca da vida, como se eu tivesse tomado todas as “garrafas de vida” que me fossem permitidas. Na verdade ando vivendo o que os profissionais da medicina e da psicologia classificam de depressão, meio maluco esse papo de depressão, pois aparentemente continuo mesmo sorrindo, brincando e me irritando. Mas confesso que por dentro estou fragmentado...Mas segue o baile, pois o gaiteiro ainda toca...
Meu texto na verdade é um reflexo do meu estado de espírito que me fez questionar algumas coisas na minha vida, o quanto se ganha ou se perde, o quanto se chora ou sorri, o quanto vale a pena ou não. Mas então, formamos em história cheios de expectativa, sentindo-se diferentes no mundo, com olhar critico, alguma erudição, capacidade de reflexão, de analise entre outras aptidões que se supõe que possa ter um historiador...Balela. Na verdade o que ocorre é justamente o contrario professores desempregados em um país em que a educação é extremamente carente, mas o que me parece após seis meses de procura por um espaço em alguma sala de aula, observa-se que faço parte de uma raça que se reproduz aos milhares a cada semestre, e cada filhotinho que nasce vem ao mundo das letras com a mesma expectativa em que tínhamos á alguns meses atrás. Em hipótese alguma estou desistindo muito antes pelo contrario é apenas um desabafo, um grito para combater o desalento. Pois afinal de contas às cobranças vêem de tudo quanto é lado, pessoas questionam a tua capacidade, põe em cheque as tuas escolhas...Falam, falam...Mas me mantenho firme, á espera do meu espaço, na construção constante do meu ser historiador, do meu ser professor, pois pelo menos este entendimento eu tenho que morrerei trabalhando nesta obra...Queiram ou não queiram... Mas nem tudo é desespero e desalento... Saúdo a chegada do Mestre, alias Pós-Doutor Éder Silveira na FAPA, onde eu e meu colega luxiuoso André estamos fazendo pós-graduação. A FAPA tomou uma decisão acertada ao contratar mestre Éder, quebrando paradigma teórico da instituição, sinal dos tempos...Um pouco de historia cultural não vai matar ninguém, muito pelo contrário vai fortalecer o espírito dos historiadores materialistas...Seja bem vindo Éder aos pouquinhos vamos dominando o mundo...Tipo um plano do Pink e do Cérebro...Muito bom contar com a presença do amigo mais uma vez, é garantia de bons papos na volta da Faculdade e boas risadas.
Saúdo também meu colega, amigo e irmão André Bugallo, onde estaremos dividindo a mesma bancada no Seminário História na Copa, no curso pré-vestibular Evolução, serão 10 dias frenéticos. Como podem ver nem tudo está perdido, continuamos a lutar, mas às vezes é vital desabafar e o lugar que achei pertinente foi este aqui, aonde me sinto em casa, senhor de todos os sortilégios....Aonde posso e devo ser luxiuoso... Desculpem-me os desabafos...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Para apimentar ainda mais a discussão...

O futebol brasileiro vive dias eletrizantes com as finais dos campeonatos regionais, momentos decisivos  na Copa Libertadores da América e Copa do Brasil. Estão os principais clubes do país envolvidos em uma ou mais   decisões importantes nos próximos dias, ainda vale lembrar o fato de que dia 11 de maio será convocada a seleção que representará o Brasil na Copa do Mundo de 2010. Só o que foi citado acima  já é motivo suficiente  para agitar a imprensa esportiva e os torcedores em torno desses fatos, mas hoje foi publicada uma pesquisa que põe mais um tempero nas discussões futebolísitcas, sejam elas pela mídia ou por torcedores na mesa do bar, a pesquisa do Datafolha sobre as maiores torcidas entre os clubes brasileiros. 
Recheada de polêmica a tal pesquisa revela empate técnico entre Flamengo e Corinthians como os clubes preferidos do Brasil. A pesquisa entrevistou 2400 pessoas, com idade superior a 16 anos em 144 cidades de todo o país, vale ressaltar a margem de erro, que é de 2% para mais ou para menos. Partindo do principio que dividindo o número de entrevistados pelo número de cidades contempladas temos a média de 16,6 entrevistados por cidade. Na ponta segue o Flamengo, o clube carioca tem 17% da preferência dos entrevistados e a estimativa de um total de mais de 22 milhões de torcedores. O Corinthians vem em segundo com 14% e a estimativa de quase 18 milhões de apaixonados. Sinceramente, não tenho uma opinião sobre essa briga pelo topo tendo em vista que em Porto Alegre o número de torcedores desses times são mínimos (conheço apenas 1 Corinthiano se não estou enganado). 
Trazendo aqui pra nossa realidade Grêmio e Internacional também estão classificados, em 7º e 8º respectivamente e em mais um empate técnico, 3% dos entrevistados, o Grêmio em uma estimativa de 3,60 milhões de torcedores e o Inter 3,44 milhões. Diferença mínima e que mantém os números da pesquisa feita anteriormente pelo mesmo instituto em dezembro de 2009. Ainda não foram revelados as tabelas referentes a  esta pesquisa, por exemplo como prefrencias regionais, por renda e outros detalhes, apenas números absolutos.
Então fica mais uma questão para ser discutida pelos torcedores, além de falar sobre a decisão do gauchão, quem vai ganhar o próximo grenal, quem vai ganhar a Libertadores ou Copa do Brasil, quem vai ser convovado pra Copa, agora tem essa das torcidas. Não fugirei da raia e darei minha opinião sobre isso tudo. O Grêmio vai vencer o Gauchão, o Inter vencerá o próximo grenal e a Copa Libertadores, o Fluminense vencerá a Copa do Brasil, bem como para a Copa do Mundo não teremos Neymar, Ganso ou Ronaldinho. E sobre a pesquisa continuarei sendo completamente imparcial, o resultado é completamente equivocado, todos sabemos que a maior torcida do Rio Grande e do Brasil é do Internacional. 
Abraços.

domingo, 18 de abril de 2010

O verdadeiro Grande Irmão

Algumas das grandes fotos do século passado talvez nunca tenham seus autores divulgados, pois não serviram a glória artística de seus autores. Eram instrumentos de vigilância de governos totalitários que fariam o Grande Irmão de George Orwell parecer uma brincadeira de criança.
Esses fotógrafos procuravam captar cidadãos em atividades "subversivas", tiradas por câmeras ocultas em maletas ou casacos.
Eessas fotos são registros inesperados do cotidiano da Tchecoslováquia nos anos 70 e 80 (coisa que poucos estrangeiros puderam ter acesso).
É irônico que alguns dos registros fotográficos mais bonitos do século passado, foram registrados por assassinos a serviço de um regime ditatorial.
Essas fotos foram publicadas no livro "Praga Pelas Lentes da Polícia Secreta", lançado no início do ano pelo Insituto de Estudo dos Regimes Totalitários de Praga.
www.ustrcr.cz

Segue algumas fotos:

quarta-feira, 31 de março de 2010

Mestre Joel

Vou me permitir aqui a trasncrever o recado que recebi da filha do Mestre Joel, e a partir deste recado um texto que escrevo neste momento carregado de saudades e tristeza pela falta que faz o amigo Joel neste mundo.



Joelma filha de Joel diz:

OI SOU FILHA DO TEU EX COLÉGA JOEL,

ELE GOSTAVA MTO DE VC,
DZIA Q
VC É MTO INTELIGENTE, E Q SE PEGAVAM NOS DEBATES TÉTE A TÉTE,Q ERA BOM
IR PRA AULA E ENCONTRÁ-LO!
ME LEMBRO COMO SE FOSSE HOJE ELE SE ARRUMANDO BUNITAUM PARA IR A SUA FORMATURA FELIZ DA
VIDA Q ESTE ANO SERIA ELE,
MAS DEUS SABE DE TUDO.
POIS É,
MEU PAI JÁ NAO ESTA MAIS
CONOSCO,
MAS FICO ALEGRE Q ELE FOI NA FRENTE,
NOS AGUARDAR LÁ NO
CÉU.
BJOS FIQUE COM DEUS ,
ORO MTO POR VC E SUA FAMÍLIA!
Q DEUS
OS ABENÇOE!!
 
Querida Joelma:



Há muito devia algumas palavras no meu blog sobre o mestre Joel, como carinhosamente o chamávamos, não tive coragem de escrever sobre ele porque a saudade ainda machucava no peito. Hoje você me dá a oportunidade através deste depoimento de expressar os meus sentimentos. Durante a minha graduação tive a oportunidade de fazer grandes amigos, mas entre estes amigos tive a oportunidade de conviver com dois mestres, mas não mestres na erudição, mas sim Doutores na vida Hector e mestre Joel. Figuras essas que estavam em polaridades diferentes sob o ponto de vista da sociedade, Hector, branco, classe média alta, já tinha viajado o mundo, filhos criados com a facilidade do dinheiro. Joel, negro, pobre, otimista, filhos muitos bem criados com seu suor, dedicação e muita inteligência. A primeira vista como coloquei acima podem parecer figuras antagônicas, tanto parecia que me lembro muito bem uma noite na qual Hector e Joel discutiram feio em sala de aula, que quase cheguei as vias de fato com Hector, evidentemente em função da minha proximidade com Joel. Mas contrariando a muita gente esse acontecimento acabou por fortalecer uma amizade entre Eu, Hector e Joel, que com a sabedoria dos dois mestres conseguimos resolver nas questões no ringue acadêmico ao invés de um ringue de boxe.


Mas isso minha cara Joelma não é relevante neste momento, pois poderia ter laudas e mais laudas de historias de Joel e Hector, o que realmente é importante foi a lição de humildade e sabedoria que recebi dos dois. Neste momento as suas historias se convergem, os dois pólos se encontram e seguimos em frente, rindo, debatendo, discutindo e acima de tudo eu e mais alguns mortais apreendendo com os dois. No ano retrasado Deus decidiu levar Hector para junto dele, como costumávamos dizer Deus queria ter ao seu lado aquela figura ímpar, um misto de Mick Jageer e Jack Keruack, meu coração doeu muito pela primeira vez, senti o meu mundo desabar literalmente, não entendia como Deus poderia ser tão irônico ao ponto de querer levar uma figura tão fora dos padrões para junto de si naquele momento...Choramos...


Mas como a nossa vida não permite lagrimas por muito tempo, acabamos por achar consolo nas risadas e na sabedoria de Joel, Ahhhhhh e como Rimos...


Sua risada foi contagiante até os últimos minutos de graduação, muito embora muitos tentaram imitar e alguns com relativo sucesso, mas te confesso era quase impossível fazer. Ainda guardo na minha memória um dos nossos últimos encontros, no dia da minha graduação, quando a visto Joel logo cedo muito antes da cerimônia começar, feliz, apreensivo com a cerimônia como se fosse o meu Pai, meu coração se encheu de alegria e orgulho pois olhei para aquele homem e pensei que grande amigo eu tenho, permaneceu ali comigo me ajudando dando palavras de incentivo e como não poderia ser diferente dando muita risada, logo em seguida sentou-se no auditório com olhos marejados e orgulhosos de ver mais um filho se formar... Talvez esse sentimento paternal seja uma simples invenção da minha cabeça , mas que o velho Joel tava feliz ahhhhh isso tava. Acabou a cerimônia e eu muito feliz como não poderia ser diferente recebi abraços e afagos dos amigos, mas um em especial foi o de Joel que me abraçou como se o mundo tivesse parado naquele instante em que me graduei...Olhou pra mim e disse chegou a tua hora Negrão...Logo em seguida será a minha, combinamos dele ir na festa em que a minha família preparou,mas Joel não apareceu sentimos a sua falta. Dias após eu e o Andrezinho encontramos Joel no centro da cidade com a sua alegria peculiar, se preparando para ir á aula , conversamos rapidamente como é de praxe nestes encontros ocasionais...Lembro me do André comentando comigo do orgulho que sentia do Joel, falando-me de que o Joel era um desses caras que dão dignidade ao mundo e que no dia da formatura dele faríamos uma festa enorme para ele, pois ele realmente merecia . A vida seguiu...Foi quando a colega Renata me ligou com um excesso de zelo, para avisar-me do falecimento do Mestre Joel, mais uma vez perdi o chão, foi impossível conter as lagrimas, a tristeza e a saudade que já se acomodava na outra metade do meu coração...Chorei... Sábado sombrio aquele em recebi a noticia, tratei de avisar alguns colegas. No domingo rumamos para o velório com um misto de tristeza e flash back, pois a um ano atrás eu, Lucas e André também rumávamos para o enterro de Hector, te confesso que foi muito difícil ver você, a sua mãe, seu irmão e irmã, tristes naquele momento, passamos rapidinho pelo Mestre Joel para dizer um “até breve” e optamos por acompanhar tudo a distancia, Domingo triste aquele...


Talvez esse meu texto possa parecer uma simples retrospectiva da minha breve convivência com Joel, talvez até essas palavras ainda possam aumentar a tua saudade de alguma forma, se é que é possível. Mas escrevo essas linhas com o peito inundado de saudades de Joel, e para te dizer que Joel foi um Anjo alegre que esteve entre nós, e feliz de nós que tivemos a oportunidade de conviver com ele de celebrarmos ao som de sua risada. Muito embora a saudade deve ainda assolar o teu coração afirmo-te que Joel está sim sentado com Deus olhando por nós e muitas vezes rindo de nós...Pelo menos é nisso que quero acreditar...


Fiquei muito feliz em te reencontrar e neste momento gostaria que você aceitasse a minha amizade que um dia já foi de seu pai, que por ora não poderemos gozar da mesma, mas que me aceitasse côo amigo de verdade assim com fui do Mestre Joel.


Querida Joelma teria muito para dizer sobre o teu amado pai, mas a emoção toma conta de mim neste momento e não me sinto capacitado em escrever mais sobre Joel. Guardarei sempre na minha lembrança a alegria de Joel, a força de Joel, a atitude de Joel, a sabedoria de Joel e acima de tudo o sorriso de Joel.


Obrigado Joelma...


Valeu Mestre Joel e até breve.






Ben Hur Rezende

terça-feira, 23 de março de 2010

CQC: Reportagem sensacional

Faz algum tempo que admiro o programa CQC (Custe o que custar) na Rede Bandeirantes. Semana passada estreou a temporada 2010 e já envolvida numa grande polêmica, a censura de um dos quadros do programa intitulado de "Proteste Já". Em  via de regra esse quadro tem a intenção de cobrar das autoridades por promessas não cumpridas, conserto de determinados problemas em algumas comunidades e na ultima delas resolveram fazer uma espécie de teste de honestidade com a Prefeitura de Barueri-SP, mais precisamente com a   Secretaria de Educação do Município. Admiro esse programa porque eles falam e fazem com os políticos tudo  aquilo que eu gostaria de poder fazer. Não me prolongarei muito, pois postarei abaixo as 5 partes que compõe o quadro exibido ontem (22/03/2010) a noite e quem assistir tirará suas conclusões. A minha conclusão é de que nós cidadãos somos palhaços e que coisas parecidas como essa de Barueri acontecem todos os dias e nada acontece com os responsáveis.


PARTE 1


PARTE 2


PARTE 3


PARTE 4


PARTE 5


Espero que gostem, eu achei genial. Parabéns ao programa.

FRASE DO DIA DE HOMER SIMPSON

"Tentar é o primeiro passo rumo ao fracasso." 



Boa tarde a todos e uma ótima semana!

domingo, 14 de março de 2010

Tio Joel: Uma perda imensurável

Não tenho a pretensão de falar por todos do Luxiuoso. Apesar de saber o quanto nosso colega de graduação Joel era querido por todos que fazem parte desse grupo. Ontem a noite, em meio a uma festa de formatura recebi a notícia do falecimento do nosso grande amigo Joel, o que com certeza me deixou muito triste. O que tenho a dizer é um pouco sobre o mínimo que sei sobre uma pessoa batalhadora e que pra mim sempre serviu de exemplo, com uma vida difícil e que mesmo assim tinha um amor pela vida e pela história que pouco vi, estava na graduação pelo bem pessoal, porque acreditava e amava aquilo que fazia. O Tio Joel como era conhecido entre os amigos, era 99% das vezes um cara feliz, uma pessoa alegre e de bem com a vida e olha que a graduação lhe pregou algumas peças, que revoltaria os mais calmos dos seres, mas mesmo assim nosso amigo tirou de letra e levou tudo aquilo como uma espécie de aprendizado. Falando em aprendizado Joel era uma pessoa que o fato de ter sua companhia era exatamente isso, aprendizado. Aprendi sobre a vida, uma pessoa com a vivencia do nosso amigo tinha muito a contribuir para o enriquecimento e engrandecimento como ser humano nesse mundo. Um homem batalhador de um sorriso fácil e uma risada contagiante, que tornou boa parte da nossa graduação em dias melhores. Não sou o cara que melhor conhecia o Tio Joel no IPA, mas sou um cara que sei o quanto amava o Internacional dos anos 70, nunca esquecerei dele me contando dos dribles de Valdomiro, que dobrava um marcador com  um lance em um espaço do tamanho de um tijolo. Tio Joel tinha na futura profissão escolhida um horizonte e uma paixão que em poucas pessoas vi, seu jeito característico contagiou quase todos em sala de aula, apesar de nunca compreender o fato de existir pessoas que tinham algum tipo de restrição com uma pessoa como aquela, pessoas essas que não simpatizam com nada e que estão no mundo apenas para satisfazer seus egos e para amarem si próprios, se apequenando dia após dia. Apequenar não existia no vocabulário deste mestre da vida, que encarava tudo de frente sem medo e com bom humor característico e que ontem nos deixou, sem saber muito mais o que falar e não querendo me repetir, quero dizer que sentirei saudades de sua risada gostosa de ouvir e de lamentar mais uma vez que não tive a honra de ver entre meu colegas formandos, essa figura inigualavel e amável que foi o mestre Joel, parabéns pela sua trajetória, parabéns pela vida que teve e obrigado por ter dividido alguns dias de sua vida sempre alegre comigo. Obrigado pelo carinho que sempre me tratou. Sentirei sua falta.

Um abraço e com desejo de descanso e paz eterna do seu amigo André Bugallo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Acho de extrema importância a reprodução de texto sobre o "apequenamento cultural" que Porto Alegre vem sofrendo, concordo (quase que) totalmente com as palavras ditas pelo autor do texto Marcelo Soares, no artigo publicado originalmente no Portal MTV. Segue o texto na íntegra:


O triste caso da cidade que se apequenou e só notou quando viu a sola do chinelo sobre sua cabeça

Ontem, soube de uma notícia triste: fechou a sala de cinema Norberto Lubisco, que ficava na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre. A sala foi fechada pela secretária de Cultura, Mônica Leal. Pelo que entendi ao ler o blog da secretária, o fechamento da sala foi assinado depois que ela voltou de uma cavalgada gaudéria. Diz muito a respeito do que se passa no chamado Estado Mais Culto do Brasil. Nunca fui um grande frequentador de cinema, mas foi lá que vi alguns dos melhores filmes a que assisti.

Todo janeiro, nos anos 90, a sala reprisava a Trilogia das Cores, do Krzystof Kieslowsky - permitindo que eu pudesse suspirar pela força da fragilidade da Juliette Binoche no azul e pela sensualidade felina da Julie Delpy no branco. O saudoso crítico de cinema Jefferson Barros, meu mestre e semipadrasto em certo ponto dos anos 90, tinha literalmente uma carteirinha da sala.

Quando estava começando a namorar minha mulher, há quase oito anos, foi lá que assistimos "As Invasões Bárbaras", além de vários filmes do Fellini - incluindo "Roma" e "A Estrada". Minha mulher, editora do CENA e colaboradora da revista Movie, considera que toda sua formação cinematográfica passou por lá. Não é pouca coisa.


O pessoal de Porto Alegre está desolado com isso, e não é pra menos. A sala tinha uma importância grande. Por mais que a secretária diga que vai requalificar a outra sala da CCMQ, ainda assim é uma sala a menos.

Mas o problema é mais embaixo ainda. BEM mais embaixo.

A Cláudia Laitano acha que Porto Alegre está se apequenando. Ela vai direto na jugular do problema:

"Podemos colocar a culpa na Sedac, no fato de a secretária Monica Leal não ter intimidade com a Cultura ou na constatação óbvia de que o atual governo do Estado não considera a área cultural um assunto realmente relevante, mas é preciso levar em conta que boa parte da culpa desse marasmo é de todos nós que vamos ao cinema e frequentamos (ou gostaríamos de frequentar) centros culturais. Minha sensação é de que Porto Alegre está “se apequenando”, se conformando com o marasmo da cena cultural como um todo, com poucos cinemas com programação fora do mainstream, com poucos centros culturais atuantes, com pouca ou nenhuma política cultural pública. A cidade está encolhendo, e nós com ela. E a área cultural é o melhor indicador desse fenômeno."
Eu cheguei à mesma conclusão, também - e já faz dez anos. Meu sogro chegou à mesma conclusão também, depois de conhecer a oferta de programação cinematográfica de São Paulo e de ver que, por mais obscuro que seja o filme, sempre tem gente assistindo. E não é um ou dois.

O processo de apequenamento de Porto Alegre vem ocorrendo há anos, e é surpreendente que os remanescentes precisem do baque do fechamento da sala Norberto Lubisco para constatar isso. Eu comecei a notar isso no final dos anos 90, quando a banca da Praça da Alfândega deixou de ser a melhor da cidade. Se há 15 anos ela tinha todas as revistas importadas mais fascinantes e jornais do Brasil inteiro, hoje ela é especializada em vender apostila de concurso público e DVD pornô. Depois, os cafés da Rua da Praia começaram, um a um, a virar financeiras de empréstimos com crédito consignado.

Rolava um sucateamento muito claro, mas o discurso oficial era que o Rio Grande ainda era grande. O problema fundamental é econômico - grande parte do boom imobiliário de Porto Alegre nos últimos anos se deve ao preço internacional dos grãos plantados no interior. Na cidade, as oportunidades estão em fazer concurso público. O pessoal que gosta do desafio de criar e empreender, como bem lembrou o Alexandre de Santi no primeiro comentário aí embaixo, acaba desistindo de dar murro em ponta de faca e vai embora. E é esse pessoal que movimenta bons cinemas, boas livrarias, boas bancas.

Enquanto a realidade não dá um tapa na cara deles, os gaúchos costumam se contentar com o velho discurso triunfalista: somos o Estado mais culto do Brasil, sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra etc. Em particular, os mais inteligentes (e há vários) até admitem que não está tão bom. Em público, fazem questão de não tocar no assunto. Os menos inteligentes fazem questão de voltar uma sharia contra quem toca.

"Gaúcho" é a palavra mais comum nos títulos dos jornais locais, e vira festa quando se trata de desastres que repercutem mundialmente. Quando houve o terremoto do Haiti, eu apostei que a manchete da Zero Hora seria "Gaúchos morrem em terremoto no Haiti". Errei: não era a manchete, mas uma chamada na primeira página. No discurso superlativo padrão, o RS é o estado mais culto, mais politizado, mais educado, centro do universo, medida de todas as coisas.

Mas como é que um Estado que se considera o mais culto do Brasil tem a imprensa que tem, que não é conhecida exatamente pelo jornalismo crítico? Um grande amigo meu, correspondente da Folha de S.Paulo em Porto Alegre, rolava de rir durante o longo escândalo da Yeda Crusius. A coisa mais fácil que havia era dar notícias exclusivas, porque os jornais locais - onde ainda tenho grandes amigos, diga-se - faziam questão de se abster de serem os primeiros a dar. Depois que ele publicava, todo mundo (que certamente já tinha junto com ele as informações) publicava atribuindo a revelação à Folha de S.Paulo.

Mas como é que um Estado que se considera o mais culto do Brasil celebra todo ano a pujança de uma feira do livro onde os mais vendidos são indefectivelmente livros de culinária, pílulas pra sei lá o quê, agenda bruxa pascoalina e lançamentos das celebridades nativas?

Mas como é que um Estado que se considera o mais culto do Brasil consagra a autoridade moral de um tal Movimento Tradicionalista Gaúcho, que se arroga o privilégio de deitar regras sobre o que pode e o que não pode pra música ser regional? Outro dia, em pleno século 21, eles baniram a guitarra elétrica, como aquela passeata pré-tropicalista da qual os tropicalistas participaram. A música regional gaúcha, desse jeito, nunca vai gerar um Piazzolla, como a música regional argentina gerou.

Eu poderia continuar por horas e horas, e inclusive falar da disneylândia de bombachas do parque Harmonia, o grande evento cultural da cidade em setembro. Eu sei que meter a mão nesse vespeiro é pedir pra tomar pedra. Porque os gaúchos (eu prefiro me considerar ex-gaúcho) defendem com unhas e dentes a mediocridade que com denodo foram cultivando ao longo das décadas. Livres do peso dos substantivos, contentam-se com os adjetivos: o estado mais culto, o estado mais educado, o estado mais politizado etc etc etc.

Quando fizemos o Excelências na Transparência Brasil, em 2006, nem uma linha a respeito saiu nos jornais locais. (OK, saiu um editorial de um parágrafo na Zero Hora, sem dar o link. Mas quem é que lê editoriais?) E não é porque eu estava na coordenação: é que o projeto trazia informações importantes sobre a atuação dos deputados federais do estado. Proporcionalmente à quantidade de eleitores, era o único estado que tinha MENOS acessos do que gente votando. Na época, alguém comentou no blog do Deu no Jornal que lá o pessoal é tão politizado que "não precisava" das informações do Excelências. Pra mim, porém, politização sem base em informação não passa de torcida. É comum por toda parte do Brasil, claro. Mas qualidade zero. Leia mais sobre os gaúchos e a política aqui.

Foi exatamente em 2006, o ano da criação do Excelências, que a atual governadora foi eleita.

Ou seja: vocês colhem o que plantaram. Não menos. Foi uma mediocridade arduamente conquistada com muito esforço da parte de cidadãos, governos, empresas e imprensa. Mérito é mérito. Sirvam suas façanhas de modelo a toda a Terra.
por Marcelo Soares

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O cangaceiro dos Pampas

Depois de algum tempo sem postar, voltei e para falar de futebol (dessa  vez indiretamente) é claro.  Mas não falarei do Inter,  falarei sobre o Grêmio. Os gremistas não esquecem os grandes times dos anos 90 do tricolor, extremamente bem sucedidos. Talvez aqueles times foram os grandes responsáveis pela criação da mentalidade dos torcedores ( por vezes da direção) atualmente de que o Grêmio deva ser um time somente "brigador", "viril", raçudo e por muitas vezes ter que jogar um futebol feio esteticamente justificando que qualquer coisa além disso, foge da identidade do Grêmio. Um dos símbolos dessa "cara" do Grêmio era o volante e capitão daqueles times dos anos 90, Dinho. Sempre associado a um futebol de força extrema, de marcação forte e sinonimo de virilidade. Dinho é chamado por alguns gremistas como "O cangaceiro dos Pampas". Sendo brando em rotula-lo o volante realmente chegava a beira do que podemos dizer, violento. Mas desmascarando todo esse rótulo em torno do Cangaceiro dos Pampas postarei um vídeo, exibido no programa Globo Esporte em 1997, na qual mostra que o viril Dinho, também tinha samba no pé, com um gingado e graciosidade que algumas das mais bonitas rainhas de escola de samba gostrariam de ter. Na verdade, o Dinho sambando mais parece a Lacraia.





AÍ VAI MAIS UM REFLEXÃO DE HOMER SIMPSON


Se algo é difícil de fazer, então não vale a pena ser feito!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Zina é o novo Latininho?

 

Não sei se vocês recordam de um fato de extremo mal gosto ocorrido na televisão há alguns anos atrás (segundo o Google dia 8 de setembro de 1996), quando o apresentador Faustão, levou ao palco o adolescente Rafael Pereira do Santos, o Latininho, que era portador da Síndrome de Seckel que tem como síntomas o nanismo e a microencefalia (que causa problemas mentais). Lembro que a capa da Veja reproduziu a cena da entrada no palco do Faustão trazendo o guri pela mão com a manchete: O mundo cão na televisão.
Acompanho o programa Pânico na Tv faz algum tempo, gostava do seu espírito anárquico e incosequente ao tratar esse culto exagerado as celebridades (acredito que isso vem se perdendo com o tempo e o programa está se tornando cada vez mais apelativo). O espírito rebelde e debochado, foi trocado por alguns pontos no ibope.
Ano passado, sem dúvida, a menina dos olhos dos humoristas da trupe, foi o bordão que já entrou para o vocabulário popular, "Ronaldo, brilha mutcho nu Curíntia" (sic), proferido por um integrante da torcida corinthiana conhecido como Zina.
Com o sucesso da frase, ele acabou sendo incorporado ao programa, com direito a um salário e uma casa. Confesso que era fã do quadro do Zina (junto com o Alfinete e com a Sabrina Sato) e ele ajudou a dar uma boa renovada ao programa, entre os melhores momentos dele o encontro com Ronaldo e a inauguração da sua moradia são memoráveis.
O humorista ganhava cada vez mais fama e espaço no programa (seu quadro era o grande monstro a ser batido pela Rede Globo na batalha pelo Ibope).
Com a fama e o sucesso, veio a notícia da prisão do comediante por porte de cocaína, assisti o programa posterior a prisão (e soltura, já que ele foi enquadrado como usuário, o que caracteriza como problema de saúde, não criminal), onde ele se confessa usuário sistemático da droga, o que o transforma em viciado. Não gostei da maneira que o assunto foi abordado, de maneira superficial e sensacionalista, houve uma promessa de que Zina seria ajudado, mas o mais importante, foi sem dúvida, o anúncio durante a reportagem (confirmando a suspeita de todo mundo, já que era visível), que o comediante era esquizofrênico.
Com a promessa de ajuda o barco seguiu, ele chegou a gravar mais alguns quadros antes do programa entrar no recesso de verão, então veio a segunda prisão, por um crime mais grave (posse de arma).
Foi aí que eu comecei a questionar o quanto essa superexposição era boa pra ele, pois era notável que ele não sabia lidar com a situação que ele se encontrava.
Seguidamente assistimos nos noticiários e nas revistas de fofoca casos de famosos que acabam por  "se perder na vida", se isso acontece com pessoas que possuem um suporte melhor que o dele, era bem previsível que isso aconteceria com uma pessoa de origem humilde, sem estrutura nenhuma, esquizofrênica e com vício em drogas.
Não li nada sobre a posição da Rede Tv quanto a segunda prisão do humorista, também não é isso que vem ao caso, estou questionando o quão é válido explorar a degradação de um ser humano que não possui a mesma capacidade de julgamento que o público que o julga. E o quão válido é fazer piada disso.
Enquanto isso vamos sobrevivendo a mais uma programação dominical da televisão.





Ronaldo!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mangueira, Chico Buarque e Tom Jobim





Seguindo as minhas dicas sobre o samba. Aproveito o espaço para indicar um excelente video com Chico Buarque de Hollanda e Tom Jobim cantando as coisas da Estação Primeira de Mangueira e as coisas do cotidiano do povo brasileiro, em especial coisas do Carnaval Brasileiro. Para o Mestre Chassot que disse hoje em sua blogada que pouco conhece das coisas da festa de Momo, me atrevo a dizer ao meu querido mestre que o amigo conhece mais do que imagina. Pois se pensarmos no Carnaval como uma crônica do cotidiano, muito embora tenha o Carnaval se transformado em um produto muito valioso, ainda é possivel de alguma forma ver um retrato do povo brasileiro. Ou até mesmo sob o ponto de vista do espétaculo ainda é possivel ver o Brasil com as suas várias facetas.

Ben Hur Rezende

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mistério do Samba






Aproveitando a seção inaugurada pelo Lucas, com o advento das festas de Momo que se seguirão no mês de fevereiro, vou aproveitar o espaço para indicar alguns videos sobre o tema "samba", aonde entendo ser fundamental para o entendimento do espetáculo do mês de fevereiro o Carnaval e um pouco de compreensão do que é ser brasileiro.





Ben Hur Rezende

domingo, 31 de janeiro de 2010

Sobre a Nova História Cultural, o Boteco e a Cultura Pop

Procurando pelos arquivos do blog, me deparei com a constatação que não há nenhum artigo definindo o que de fato é ser luxiuoso.
Aproveitando dessa brecha, e com uma certa dose de audácia, me lanço na jornada de enfim ilustrar o termo.
Mas antes de finalmente caracterizar o que é ser luxiuoso, permitam-me apresentar uma palavra que talvez alguns de vocês não estejam familiarizados: " Jornalismo Gonzo".
O termo "gonzo" é uma gíria irlandesa do sul de Boston e serve pra denominar o último homem em pé após uma bebedeira.
No jornalismo o termo foi criado por Bill Cardozo (jornalista de Boston), para caracterizar um artigo escrito pelo, também jornalista, Hunter S. Thompson.
Alguns não consideram essa espécie de jornalismo como válida, pois a narrativa é totalmente parcial, não objetiva, misturando o narrador com a ação e não tratando com seriedade a notícia, em suma, é uma narrativa que joga fora todas as regras e convenções do jornalismo.
Mas o que isso tem em comum com os luxiuosos? A grosso modo, posso dizer, nós somos o "lado gonzo" da história.
A principal intersecção entre os luxiuosos e a narrativa de Hunter S. Thompson, talvez não seja uma característica em si, mas sim a mesma transgressão "as regras historiográficas", nossa discussão e objetos de estudo, transcedem a academia e os documentos oficiais. Ela tá na mesa do bar, no estádio de futebol.
Simplificando novamente o conceito, pegamos a nova história cultural,levamos pro boteco e a turbinamos com citações provenientes da cultura pop.
Não sentimos vergonha (pelo contrário, é motivo de orgulho), em fazer do bar nosso "ambiente acadêmico".
Futebol, BBB, ou qualquer outro assunto mais popularesco tem a mesma importância que qualquer documento proveniente da academia. Homer Simpson (que já foi artigo desse blog), Charles Bukowsky (que em um futuro próximo também será assunto nesse espaço virtual) e Keith Jenkins são dignos da mesma credibilidade.
Mas ser de fato luxiuoso, não diz respeito somente a um discurso intelectual, é mais que isso, chega quase a ser um estilo de vida. Ser luxiuoso está presente no dia-a-dia, é numa caminhada pela Rua da Praia (sem ser muito explícito, ver os posts anteriores), no domingo de sol no Olímpico (ou no Beira-Rio), é explicar a Guerra Fria a partir do Rocky 4.
Espero que com esse breve texto, elucidar o que de fato faz de nós luxiuosos e resumir o espírito desse blog.
Um espírito que não precisa de uma linguagem rebuscada ou um embasamento acadêmico ao lançar uma teoria. O mesmo espírito que vê na cultura popular e nos fenômenos de massa, um extenso leque de fontes historiográficas e objetos de estudo.
Não pretendemos impressionar ninguém com um linguajar complicado e informações de difícil acesso, sinceramente, estamos mais interessados na cerveja gelada e nas meninas da mesa ali do lado.
Por ora era isso...




E pra quem se interessou pelo "jornalismo gonzo", fica uma dica de filme: Medo e delírio em Las Vegas, que é a adaptação da mais famosa obra de Hunter S. Thompson.





Lucas