segunda-feira, 11 de abril de 2011

O ídolo que não vi

Havia prometido para eu mesmo que não postaria mais aqui sobre futebol. Mas, devido ao clima pesado que ficou no blog após minha última postagem relacionada a tragédia na escola carioca (postagem que até me arrependo de ter feito, sinto que exagerei em algumas coisas e desviei um pouco do queria ter falado, mas já que foi pastado não vou apagar, deixo por conta do "calor do momento" a culpa disso), então é até bom que se fale de algo mais ameno por aqui.
Semi Final do Brasileirão, golaço de Falcão diante do Galo

Hoje o Internacional apresenta Paulo Roberto Falcão como treinador. Eu sou fã de Falcão por herança, nunca vi ele jogar e quando ele era treinador eu era muito pequeno, lembro dele, mas muito pouco e então não posso dizer que vi. Normalmente alguém se torna ídolo por aquilo que outra pessoa vê nela e admira. No meu caso Falcão é um ídolo indireto, essa que é a verdade. Mas sei de onde vem isso. Não é por ser comentarista a muito tempo, não é pelo fato de ser uma pessoa que exalta o coloradismo (a profissão não permitia). Sou fã de Falcão porque herdei isso do meu pai. Fui criado na "época ruim" do Internacional, era brabo ser colorado e seus colegas gremistas em um tempo que nada dava certo pra nós e tudo certo pra eles. Um dos motivos que me tornaram colorado e que me fizeram resistir como torcedor do time que "não ganhava", era ouvir as hitórias saudosas do Inter dos anos 70, contadas pelo meu pai. Era nos piores momentos do time, em que eu acreditava que nós nunca teríamos sucesso que meu pai contava as glórias passadas, e sempre otimista dizendo que tudo aquilo ia voltar. Todo começo de Brasileirão ao comprar o album de figurinhas ou um Guia da Placar, em que não apontava o Inter como um dos favoritos meu pai dizia "Que? Esses caras não sabem nada, esse ano o Brasileiro é nosso!!". Ele nunca acertou, mas sempre explicava sua teoria baseado no título de 79, em que um péssimo Gauchão foi o embrião do tri-campeonato nacional, conquistado de maneira invicta e tendo Falcão como protagonista. Não conseguia entrar na minha cabeça que o time que não ganhava nos anos 90, já tinha sido o time que nunca perdeu em 1979. Se sou (e muitos outros são ) colorado hoje e não me vendi pro time que ganhava, Falcão tem muita contribuição nisso, assim como Don Elias, Dadá, Manga, Escurinho e cia. Agora torço pra que sua imagem de ídolo se torne maior, quero ver ele como meu ídolo através de meus olhos também, hoje recomeça a história. 
Só quero uma ressalva, não tem nada a ver comparar Falcão ou Renato e muito menos esse papo de "imitar" com a contratação de técnicos, os argumentos de "imitar" são sempre rasos e se tiver um pouco de profundidade normalmente são infudados e caem por terra. Discutir um ídolo é bobagem, ambos são o que são para seus clubes pelo que fizeram.
Bem Vindo Bola-Bola!
Falcão chegando no Beira Rio hoje como técnico. Foto:ClicRBS

quinta-feira, 7 de abril de 2011

É revoltante

Em todos os lugares só se fala da tragédia em que uma pessoa cruelmente disparou dezenas de tiros dentro de uma escola, matando crianças, ferindo outras e culminando ainda no suicídio do atirador. A mídia vai bater e debater isso incansávelmente nos próximos dias e isso renderá muito assunto entre a sociedade, logo é desnecessário ficar dissecando o assunto aqui, seria somente mais uma opinião. 
Gostaria de comentar algumas coisas que penso sobre fatos relacionados indiretamente ao que aconteceu no Rio hoje. A segurança pública chegou ao limite do caos fazem no mínimo 20 anos, e não é só no RJ. Se um lugar é movimentado, é perigoso, a justificativa é que  porque existe muita gente. Se andares as 11 da noite na rua é perigoso porque é deserto, ou seja, estamos sempre apavorados com o que pode acontecer nos próximos 20 segundos, a vida de um ser humano fica nas mãos de pessoas que não tem nada a perder e pouco se importam com o resto, a não ser o que passa em suas próprias cabeças naquele momento. Mas falar isso também é chover no molhado, os jornais e todo mundo fala sobre isso o tempo todo. 
O que quero escrever é o fato que a sociedade tem a ilusão de que existem lugares que são seguros, infelizmente esse local não existe. A poucos dias em Porto Alegre foi invadido um condominio de luxo, com a mais alta tecnologia em segurança, de nada adiantou, é o que sempre digo, se quiserem roubar, irão roubar, o fato de investir em segurança é só para dificultar a vida dos bandidos. Outra coisa que vejo são os pais que levam e buscam os filhos para todo o lado, com a ilusão de que assim estarão seguros, mas o que mais se vê são assaltos a carros (principalmente na hora de embarque e desembarque) ou atos de violência em festas, shoppings, praças, shows, jogos de futebol ou qualquer evento público. Mas isso, também não é novidade.
Sobre esse caso do Rio de Janeiro entre todas coisas chocantes que ocorreram, deve se destacar também que está na hora da sociedade prestar atenção em uma coisa, a escola (como todo lugar) também não é segura. Na maioria das escolas (e faculdades também) não existe qualquer estrutura para segurança de alunos, professores e funcionários. Nas escolas públicas o que é mais comum de ver são as "tias" cuidando dos portões, autorizando e desautorizando o acesso a escola. As "tias" podem ser suficientes para lidar com as crianças da escola (não creio muito nisso, mas...), mas essas "tias" são as mesmas que são os alvos fáceis de trombadinhas no centro da cidade. O dia que alguém quiser entrar em uma escola, entra, e faz o estrago que quiser, o caso do atirador de hoje é um exemplo. Nas escolas estaduais a "segurança" é feita por um brigadiano, quase sempre com larga idade e um barriga de chopp que dá inveja, normalmente carregam armamento que é mais provavel a transmissão de tétano do que a capacidade de transmitir segurança, e com todo respeito não vejo um profissional desses capaz nem de separar uma briga de alunos do ensino fundamental. Nas escolas municipais em Porto Alegre a segurança é feita pela Guarda Municipal, em via de regra não é muito diferente, vejo pancadarias estilo UFC no pátio da escola com frequencia (hoje foi um dia), mas o "guardinha", só o vejo na hora do almoço no refeitório. Quem separa as brigas são as professoras, "tias" ou pais que estão por perto (quando não tomam partido em favor de um brigão e ao invés de separar ajudam a agredir).  Ou seja, você que é pai e mãe, deixa seu filho(a) na escola achando que tudo ficará bem? Engano. Numa escola entra quem quer, faz o que quer e não existe estrutura suficiente para se oferecer segurança adequada para alunos ou professores, que as vezes tomam uma bordoada ou outra por aí. 
Óbvio que choca o que ocorreu hoje no Rio, mas não chego a me espantar. Não conheço a realidade da segurança nas escolas do Rio, mas acho que não deve mudar muito não. Não me espanto que essa pessoa tenha tido a facilidade que teve para entrar na escola, e o tempo que teve de percorrer três andares disparando dezenas de tiros até a chegada de um policial, que "por acaso" participava de uma blitz de transito a dois quarteirões da escola. Quando soube desse caso a primeira coisa que me veio a cabeça é que onde estudei no ensino fundamental e médio, seria plenamente possível de acontecer algo parecido e a escola onde hoje trabalho também. Fiquei muito assustado e com isso pensei 1 milhão de coisas que se interligam, com isso me apavoro e decepciono.
A sociedade moderna (me inclua nessa) beira a podridão, a imbecilidade humana é a mesma que foi durante toda sua história, a diferença é que hoje a notícia se propaga com alta velocidade, as pessoas "vivem" as tragédias mesmo que no Japão, muito de perto através dos meios de comunição, e vive com uma força que casos como esse de hoje, mais do que nunca soa como um tapa na cara de todos. Casos como o de hoje faz com que parte das pessoas parem e pensem no mundo que vivem. Toda vez que faço isso me apavoro, tem muito mais coisas erradas do que certas nesse mundo. 
O mais alarmante é que, o que é feito de tentativa para começar a mudar isso, normalmente é usado de maneira oportunista, principalmente no Brasil. Um exemplo são os Direitos Humanos, que normalmente é usado por quem faz bobagem e quem na verdade deveria se defendido se vê numa situação de desrespeito. O ECA também, a principal função do Estatuto é fazer com que jovens "infratores" se defendam e se protejam através dessas leis, tantas coisas boas que ali existem e que deveriam realmente ajudar ficam só no papel. Resumindo, a vida é mais ou menos assim, se eu for assaltado andando sozinho na rua as 8 da noite a culpa é minha que não me precavi, seu for a um estádio de futebol e for agredido por 30 torcedores adversários a culpa também é minha, pois eu não devia ter passado pelo local com a camisa do rival deles. É inversão de valores, é o cumulo da impunidade, uma montanha de maus exemplos de quem deveria dar bons exemplos (políticos, líderes de qualquer segmento, pais e etc...), a lista é longa e não teria fim.  
Postagem de desabafo sobre tudo praticamente, é um assunto que é impossível seguir uma linha de raciocínio e de classificar dentro de uma temática, é tudo interligado. Por isso que jamais serei sociologo ou antropologo, é muito loucura. Se não bastasse isso tudo, ainda tenho Celso Roth como técnico do meu time.