domingo, 7 de fevereiro de 2010

Zina é o novo Latininho?

 

Não sei se vocês recordam de um fato de extremo mal gosto ocorrido na televisão há alguns anos atrás (segundo o Google dia 8 de setembro de 1996), quando o apresentador Faustão, levou ao palco o adolescente Rafael Pereira do Santos, o Latininho, que era portador da Síndrome de Seckel que tem como síntomas o nanismo e a microencefalia (que causa problemas mentais). Lembro que a capa da Veja reproduziu a cena da entrada no palco do Faustão trazendo o guri pela mão com a manchete: O mundo cão na televisão.
Acompanho o programa Pânico na Tv faz algum tempo, gostava do seu espírito anárquico e incosequente ao tratar esse culto exagerado as celebridades (acredito que isso vem se perdendo com o tempo e o programa está se tornando cada vez mais apelativo). O espírito rebelde e debochado, foi trocado por alguns pontos no ibope.
Ano passado, sem dúvida, a menina dos olhos dos humoristas da trupe, foi o bordão que já entrou para o vocabulário popular, "Ronaldo, brilha mutcho nu Curíntia" (sic), proferido por um integrante da torcida corinthiana conhecido como Zina.
Com o sucesso da frase, ele acabou sendo incorporado ao programa, com direito a um salário e uma casa. Confesso que era fã do quadro do Zina (junto com o Alfinete e com a Sabrina Sato) e ele ajudou a dar uma boa renovada ao programa, entre os melhores momentos dele o encontro com Ronaldo e a inauguração da sua moradia são memoráveis.
O humorista ganhava cada vez mais fama e espaço no programa (seu quadro era o grande monstro a ser batido pela Rede Globo na batalha pelo Ibope).
Com a fama e o sucesso, veio a notícia da prisão do comediante por porte de cocaína, assisti o programa posterior a prisão (e soltura, já que ele foi enquadrado como usuário, o que caracteriza como problema de saúde, não criminal), onde ele se confessa usuário sistemático da droga, o que o transforma em viciado. Não gostei da maneira que o assunto foi abordado, de maneira superficial e sensacionalista, houve uma promessa de que Zina seria ajudado, mas o mais importante, foi sem dúvida, o anúncio durante a reportagem (confirmando a suspeita de todo mundo, já que era visível), que o comediante era esquizofrênico.
Com a promessa de ajuda o barco seguiu, ele chegou a gravar mais alguns quadros antes do programa entrar no recesso de verão, então veio a segunda prisão, por um crime mais grave (posse de arma).
Foi aí que eu comecei a questionar o quanto essa superexposição era boa pra ele, pois era notável que ele não sabia lidar com a situação que ele se encontrava.
Seguidamente assistimos nos noticiários e nas revistas de fofoca casos de famosos que acabam por  "se perder na vida", se isso acontece com pessoas que possuem um suporte melhor que o dele, era bem previsível que isso aconteceria com uma pessoa de origem humilde, sem estrutura nenhuma, esquizofrênica e com vício em drogas.
Não li nada sobre a posição da Rede Tv quanto a segunda prisão do humorista, também não é isso que vem ao caso, estou questionando o quão é válido explorar a degradação de um ser humano que não possui a mesma capacidade de julgamento que o público que o julga. E o quão válido é fazer piada disso.
Enquanto isso vamos sobrevivendo a mais uma programação dominical da televisão.





Ronaldo!

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