segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nossa segunda casa se torna um "quarentão"



Usei o termo "nossa segunda casa" no título porque hoje acredito falar em meu nome, em nome do Ben Hur e do Rafael, na qual entre tantos gostos em comum que temos, tem um que nos aproxima em especial, que é o Internacional e consequentemente o Gigante da Beira-Rio, lá é nossa segunda casa. Particularizarei um pouco falando de minha experiência de vida e a ligação dela com o Beira-Rio.
Falarei aqui do templo colorado que exatamente hoje completa 40 anos, um quarentão daqueles "inteiros", pronto pra qualquer batalha, e olha que essa casa já sofreu batalhas inesquecíveis. Falar do Gigante é fácil, mas tem tanta coisa pra se falar dele, que se torna difícil ao mesmo tempo, não sei se falo em cronologia, se uso ele como patrimônio de Porto Alegre, se falo de ocasiões especiais, se uso o caminho através da arquitetura, ou qualquer outra abordagem possível, entre todas possíveis, decidi me expressar de uma forma não científica, mas sim a ferramenta que expresse melhor o que realmente signifique esse lugar na vida de nós colorados, usarei como ferramenta a minha paixão por este lugar, a paixão vermelha, colorada que transborda os corações recém centenários.
Quando era piá (e ainda hoje), adorava ouvir as histórias do meu pai sobre o Inter dos anos 70, e como foi levantado o Beira-Rio, ele teve a oportunidade de ver de perto a transformação que ocorreu naquele local, primeiro de um monte de água, depois areia, e depois ainda uns tijolos que esboçavam, o que em 1969 se tornaria o Gigante da Beria-Rio, ele jogava nas categorias de base do colorado, isso lá no final dos anos 60, eu ficava admirado com ele contando que o torcedor contribuia com o que podia, seja o material de construção, seja carregando tijolos (como fez o Falcão), e era muito bom ouvir ele ridicularizando os gremistas, que ficavam falando mal da construção, que segundo eles afundaria e que o ingresso mais caro seria o da "bóia-cativa". O meu amor por esse lugar se deu muito antes de pisar pela primeira vez nele, pois quando o meu velho contava sobre o jogo da inauguração, contra o Benfica de Eusébio, era impossível não se apaixonar, o orgulho que eu via nele, ao falar do Gigante nutriu em mim uma sensação de ligação com algo que poucas vezes vivenciei, e consequentemente é obvio que enchi o saco dele pra ir conhecer o Beira-Rio. Em 1992, na final da Copa do Brasil, era a data marcada para me encotrar de vez com o lugar que se tornaria minha segunda casa definitiva, um dia antes o pai me levou lá e me mostrou ele vazio, fui na arquibancada superior, fiquei maravilhado olhando tudo aquilo , enquanto ele apontava e dizia que na inauguração havia ficado nos "banquinhos" da social, no gre-nal do século, debaixo do placar com meu irmão gurizote ainda, que na final de 1975 tinha ficado sei lá onde, e qaundo percebi as palavras dele pareciam não mais me importar, pois aquele era o meu momento, a hora de conhecer o Gigante, me apaixonei pelo lugar na mesma hora, lembro de achar um máximo as cadeiras coloridas, de dizer que a goleira era muito maior que eu imaginava (ali deveria ter descartado a possibilidade de um dia ser goleiro, mas como sou teimoso ainda tentei depois disso), que aqueles degraus eram altos demais, que era muito longe do campo... Tudo que eu dizia mostrava a impônencia do maior estádio do sul do Brasil, daquela obra de arte as margens do Guaíba, aquele momento só se compara com o dia que pisei naquele gramado (ainda contarei aqui, quem sabe), falando em ralação a paixão colorada. No dia seguinte estreei com o pé direito e um foguete, no meio do gol, que levantou areia e balançou a rede em meu primeiro título "presencial" (me apropriando de um termo comum nas aulas de EAD), foi inexplicavel, e a única forma de quem está lendo sentir isso, é assistindo ao curto vídeo que postarei abaixo, agora só pra contextualizar: eu tinha 7 anos e era minha primeira vez em um estádio de futebol.

Depois de toda loucura passada, poucos dias depois vi um 0x0 com uma chuvarada e falta de luz, diante do maior rival e mais uma taça, dessa vez o 31º título gaúcho, ali meu coloradismo se firmou, e meu amor por esse lugar se perpetuou, sem dúvida é o local onde me sinto melhor, me sinto dono, me sinto em casa. Em 17 anos de idas ao estádio vi muita coisa mudar, infelizmente a Coréia não faz mais parte do espetáculo e o gigante foi se modernizando, confesso que gosto de ver ele bem cuidado como está, mas como bom nostalgico que sou, também sinto falta da cambada pulando o muro da coréia para a arquibancada inferior, sinto falta da cerveja, sinto falta daquela pista atlética que levantava um areião desgraçado com as ventanias comuns da beira de rio, sinto falta do grenal com quase meio a meio na inferior e superior, sinto falta do meu velho lá comigo, que já não pode mais ir. Existem poucas coisas que tenho carinho especial, e colorado como sou, o Beira-Rio é uma delas, entrar no gigante é estar muito bem, não importa se é frio, não me importava se os corredores antigamente fediam a mijo, se o time tá mal das pernas, se está ganhando ou perdendo, se tem sol demais na cara ou a chuva tá me lavando de um jeito que com certeza ficarei resfriado, fico feliz ao saber que não vão desmanchar minha casa para fazer tudo diferente, quero muito um "Gigante Para Sempre" como estão prometendo, posso ser nostalgico, mas gosto de ver minha casa bonita, não é porque o Beira-Rio virou um quarentão que tem que ser descartado, será um "quarentão dos modernos," com uma visão de futuro, a partir disso e falando em futuro, quero muito poder levar meus piás para passarem o que eu passei lá, que façam uma história lá como fiz ,(e ainda estou fazendo)sejam elas cheias de alegrias ou algumas decepções, os anos 90 podem ter sido um grande castigo, mas o que os anos 2000 vem me dando não tem preço, ainda verei no moderno Gigante muita coisa ruim e muita coisa boa, futebol é assim todos sabem, não importa como será, importa que sempre que eu quiser me sentir bem eu pego minha camisa vermelha, um punhado de pessoas que gosto, cruzo a cidade e vou em direção do sol, chego ali na beira do rio me sento e me sinto em casa, me sinto bem, sinto-me no Gigante.


Saiba mais sobre a história da fundação do Gigante da Beira-Rio:
http://www.internacional.com.br/pagina.php?modulo=4&setor=29

Saiba tudo sobre o projeto Gigante Para Sempre, com fotos e vídeos: (RECOMENDO)
http://www.internacional.com.br/pagina.php?modulo=4&setor=34&secao=82

Um comentário:

  1. Além de um grande texto, as imagens e principalmente a narração do gol da Copa do Brasil fizeram brilhar em meus olhos imagens que eu já tinha como "desbotadas" em minha memória. É incrível como lembranças que temos de momentos que na hora pareceram durar uma vida em uma filmagem parecem segundos, falo isso porque estava no Beira Rio nesta final e aqueles momentos que antecederam a cobrança do penalti pareceram em minha mente minutos, horas intermináveis á espera do grito preso na garganta, obrigado por relembrar estes momentos mágicos que todos os que já estiveram dentro do "nosso Gigante" tem na memória. Ass: Branco

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