sábado, 6 de agosto de 2011

Pelo visto vivo em um mundo paralelo

Saio agora de um encontro de formação dos educadores do Projeto Cidade Escola - FECI. Me considero sempre uma pessoa crítica, mas depois dessas reuniões esse sentido ferve e ainda bem que o Luxiuoso existe para poder desabafar. Desde abril me mudei da casa dos pais em Porto Alegre, situada em um dos bairros mais agitados e repleto de atrações que me ocupavam, para Cachoeirinha, em um bairro pacato e distante do movimento da cidade e muito mais longe do movimento da vida antiga. Junto com a mudança de endereço, houveram mudanças significativas no estilo de vida e na rotina. Hoje assisto muito mais televisão que antes, e por muito tempo fiquei restrito a TV aberta somente e nem avalio como uma mudança negativa. Por exemplo: passei a acompanhar mais o noticiário e até novelas. E aí está o embrião que culminou nesse texto. Espero conseguir tratar esse assunto polêmico, sem ofender nada e ninguém.
Somando minha convivência, meio em que vivo e essa nova prática televisiva chego a alguns pensamentos que me incomodam. A novela principal da rede Globo tem abordado a homofobia, ilustrando casos de preconceito e recorrentes agressões. Até aí ok, é uma prestação de serviço importante e gera a discussão na sociedade, o que é sempre positivo. No noticiário e programas diversos tenho reparado cada vez mais espaço para reportagens relacionadas a animais de estimação, especialmente cães. Até aí também tudo bem, são assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas e a mídia sempre explora as demandas da população. Mas o ponto que quero criticar é a maneira como se aborda os dois assuntos. Começando pelo caso da homofobia, principalmente na novela, vejo uma barra enorme sendo forçada não só pelo fim da homofobia, pela tolerância, aceitação e etc. Vejo na novela uma abordagem maniqueísta, uma espécie de luta do bem contra o mau. Pelo que ali se mostra parece que só quem vive o preconceito, é agredido covardemente, é assaltado ou passa por dificuldades. Todos personagens homossexuais são bem sucedidos, boas pessoas e de caráter perfeito. Até entendo isso, afinal não é fácil mesmo passar o que essas pessoas passam e seria desnecessário criar um personagem gay e assassino, por exemplo, seria um desserviço a causa. Mas o que critico é que parece que não basta apenas a aceitação, mas também a ideia de que só é boa pessoa aquela que apóia a causa e a admira. Eu gosto sempre de me posicionar, e aqui não serei diferente, não tenho nenhum problema com nada disso, mas também não acho a coisa mais linda do mundo e acho que tenho direito de pensar assim. Assim como pra todos aspectos que constituem a sociedade, algumas nos identificam e outras não, mas independente disso devemos aceitar e respeitar todas, e é isso que eu faço. Talvez o melhor recado que a novela poderia dar era o de respeito e de aceitação, mas acho que já está sendo distorcido isso tudo e que já estão enfiando guela abaixo de que todos temos que achar a maior maravilha do mundo o homossexualismo. Essas campanhas de conscientização na minha opinião estão cometendo o mesmo erro nas quais condenam os "heteros convictos"(entenda heteros convictos diferentes de homofobicos), o preconceito com quem age ou pensa diferente daquilo que se identificam. Em uma esfera diferente, mas que ainda tem a ver com assunto é a relação que a sociedade vem tendo em relação aos cães. Só tem bom caráter que ama cachorro. Chove textos na internet, reportagens na TV dando uma importância demasiada aos bichos. Essa "humanização dos cães" na minha opinião é preocupante, pois a mesma pessoa que gasta 2.000 reais numa festa de aniversário de cachorro (e tem direito de fazer isso), as vezes é a mesma que vira o rosto para uma pessoa passando fome na rua , ou até mesmo sonega um imposto que tira a verba da saúde ou educação afetando muitas outras PESSOAS. Mas para essas pessoas que fazem isso, ruins são as que não gostam de cachorro ou que não adotam um cão, por exemplo. Em tempo também quero me posicionar, não tenho nada contra os bichos e acho horrível maltratar cachorros, mas também acho o mesmo com gatos, sapos, onças, micos e HUMANOS. Acredito que tenho o direito de  não amar cães como essas pessoas amam, e nem por abraçar a causa homossexual como alguns querem. Mas nem por isso acho que as pessoas que pensam como eu são ruins, são homofóbicas ou não prestam.
Quero deixar muito claro que estou abordando esse tema a partir das abordagens da mídia que estão me deixando desconfortável, de forma alguma por semelhanças ou comparação dos temas. Acho que a televisão e as pessoas em geral estão distorcendo a forma de abordar temas necessários, se tudo começou por problemas relacionadas aos "valores da sociedade", acho que algumas coisas estão passando do ponto e novamente valores estão sendo distorcidos. Cada vez mais o meio termo parece errado, como sou meio termo pra quase tudo, não me encaixo em nada e não me sinto certo em nada, vivendo num mundo paralelo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O ídolo que não vi

Havia prometido para eu mesmo que não postaria mais aqui sobre futebol. Mas, devido ao clima pesado que ficou no blog após minha última postagem relacionada a tragédia na escola carioca (postagem que até me arrependo de ter feito, sinto que exagerei em algumas coisas e desviei um pouco do queria ter falado, mas já que foi pastado não vou apagar, deixo por conta do "calor do momento" a culpa disso), então é até bom que se fale de algo mais ameno por aqui.
Semi Final do Brasileirão, golaço de Falcão diante do Galo

Hoje o Internacional apresenta Paulo Roberto Falcão como treinador. Eu sou fã de Falcão por herança, nunca vi ele jogar e quando ele era treinador eu era muito pequeno, lembro dele, mas muito pouco e então não posso dizer que vi. Normalmente alguém se torna ídolo por aquilo que outra pessoa vê nela e admira. No meu caso Falcão é um ídolo indireto, essa que é a verdade. Mas sei de onde vem isso. Não é por ser comentarista a muito tempo, não é pelo fato de ser uma pessoa que exalta o coloradismo (a profissão não permitia). Sou fã de Falcão porque herdei isso do meu pai. Fui criado na "época ruim" do Internacional, era brabo ser colorado e seus colegas gremistas em um tempo que nada dava certo pra nós e tudo certo pra eles. Um dos motivos que me tornaram colorado e que me fizeram resistir como torcedor do time que "não ganhava", era ouvir as hitórias saudosas do Inter dos anos 70, contadas pelo meu pai. Era nos piores momentos do time, em que eu acreditava que nós nunca teríamos sucesso que meu pai contava as glórias passadas, e sempre otimista dizendo que tudo aquilo ia voltar. Todo começo de Brasileirão ao comprar o album de figurinhas ou um Guia da Placar, em que não apontava o Inter como um dos favoritos meu pai dizia "Que? Esses caras não sabem nada, esse ano o Brasileiro é nosso!!". Ele nunca acertou, mas sempre explicava sua teoria baseado no título de 79, em que um péssimo Gauchão foi o embrião do tri-campeonato nacional, conquistado de maneira invicta e tendo Falcão como protagonista. Não conseguia entrar na minha cabeça que o time que não ganhava nos anos 90, já tinha sido o time que nunca perdeu em 1979. Se sou (e muitos outros são ) colorado hoje e não me vendi pro time que ganhava, Falcão tem muita contribuição nisso, assim como Don Elias, Dadá, Manga, Escurinho e cia. Agora torço pra que sua imagem de ídolo se torne maior, quero ver ele como meu ídolo através de meus olhos também, hoje recomeça a história. 
Só quero uma ressalva, não tem nada a ver comparar Falcão ou Renato e muito menos esse papo de "imitar" com a contratação de técnicos, os argumentos de "imitar" são sempre rasos e se tiver um pouco de profundidade normalmente são infudados e caem por terra. Discutir um ídolo é bobagem, ambos são o que são para seus clubes pelo que fizeram.
Bem Vindo Bola-Bola!
Falcão chegando no Beira Rio hoje como técnico. Foto:ClicRBS

quinta-feira, 7 de abril de 2011

É revoltante

Em todos os lugares só se fala da tragédia em que uma pessoa cruelmente disparou dezenas de tiros dentro de uma escola, matando crianças, ferindo outras e culminando ainda no suicídio do atirador. A mídia vai bater e debater isso incansávelmente nos próximos dias e isso renderá muito assunto entre a sociedade, logo é desnecessário ficar dissecando o assunto aqui, seria somente mais uma opinião. 
Gostaria de comentar algumas coisas que penso sobre fatos relacionados indiretamente ao que aconteceu no Rio hoje. A segurança pública chegou ao limite do caos fazem no mínimo 20 anos, e não é só no RJ. Se um lugar é movimentado, é perigoso, a justificativa é que  porque existe muita gente. Se andares as 11 da noite na rua é perigoso porque é deserto, ou seja, estamos sempre apavorados com o que pode acontecer nos próximos 20 segundos, a vida de um ser humano fica nas mãos de pessoas que não tem nada a perder e pouco se importam com o resto, a não ser o que passa em suas próprias cabeças naquele momento. Mas falar isso também é chover no molhado, os jornais e todo mundo fala sobre isso o tempo todo. 
O que quero escrever é o fato que a sociedade tem a ilusão de que existem lugares que são seguros, infelizmente esse local não existe. A poucos dias em Porto Alegre foi invadido um condominio de luxo, com a mais alta tecnologia em segurança, de nada adiantou, é o que sempre digo, se quiserem roubar, irão roubar, o fato de investir em segurança é só para dificultar a vida dos bandidos. Outra coisa que vejo são os pais que levam e buscam os filhos para todo o lado, com a ilusão de que assim estarão seguros, mas o que mais se vê são assaltos a carros (principalmente na hora de embarque e desembarque) ou atos de violência em festas, shoppings, praças, shows, jogos de futebol ou qualquer evento público. Mas isso, também não é novidade.
Sobre esse caso do Rio de Janeiro entre todas coisas chocantes que ocorreram, deve se destacar também que está na hora da sociedade prestar atenção em uma coisa, a escola (como todo lugar) também não é segura. Na maioria das escolas (e faculdades também) não existe qualquer estrutura para segurança de alunos, professores e funcionários. Nas escolas públicas o que é mais comum de ver são as "tias" cuidando dos portões, autorizando e desautorizando o acesso a escola. As "tias" podem ser suficientes para lidar com as crianças da escola (não creio muito nisso, mas...), mas essas "tias" são as mesmas que são os alvos fáceis de trombadinhas no centro da cidade. O dia que alguém quiser entrar em uma escola, entra, e faz o estrago que quiser, o caso do atirador de hoje é um exemplo. Nas escolas estaduais a "segurança" é feita por um brigadiano, quase sempre com larga idade e um barriga de chopp que dá inveja, normalmente carregam armamento que é mais provavel a transmissão de tétano do que a capacidade de transmitir segurança, e com todo respeito não vejo um profissional desses capaz nem de separar uma briga de alunos do ensino fundamental. Nas escolas municipais em Porto Alegre a segurança é feita pela Guarda Municipal, em via de regra não é muito diferente, vejo pancadarias estilo UFC no pátio da escola com frequencia (hoje foi um dia), mas o "guardinha", só o vejo na hora do almoço no refeitório. Quem separa as brigas são as professoras, "tias" ou pais que estão por perto (quando não tomam partido em favor de um brigão e ao invés de separar ajudam a agredir).  Ou seja, você que é pai e mãe, deixa seu filho(a) na escola achando que tudo ficará bem? Engano. Numa escola entra quem quer, faz o que quer e não existe estrutura suficiente para se oferecer segurança adequada para alunos ou professores, que as vezes tomam uma bordoada ou outra por aí. 
Óbvio que choca o que ocorreu hoje no Rio, mas não chego a me espantar. Não conheço a realidade da segurança nas escolas do Rio, mas acho que não deve mudar muito não. Não me espanto que essa pessoa tenha tido a facilidade que teve para entrar na escola, e o tempo que teve de percorrer três andares disparando dezenas de tiros até a chegada de um policial, que "por acaso" participava de uma blitz de transito a dois quarteirões da escola. Quando soube desse caso a primeira coisa que me veio a cabeça é que onde estudei no ensino fundamental e médio, seria plenamente possível de acontecer algo parecido e a escola onde hoje trabalho também. Fiquei muito assustado e com isso pensei 1 milhão de coisas que se interligam, com isso me apavoro e decepciono.
A sociedade moderna (me inclua nessa) beira a podridão, a imbecilidade humana é a mesma que foi durante toda sua história, a diferença é que hoje a notícia se propaga com alta velocidade, as pessoas "vivem" as tragédias mesmo que no Japão, muito de perto através dos meios de comunição, e vive com uma força que casos como esse de hoje, mais do que nunca soa como um tapa na cara de todos. Casos como o de hoje faz com que parte das pessoas parem e pensem no mundo que vivem. Toda vez que faço isso me apavoro, tem muito mais coisas erradas do que certas nesse mundo. 
O mais alarmante é que, o que é feito de tentativa para começar a mudar isso, normalmente é usado de maneira oportunista, principalmente no Brasil. Um exemplo são os Direitos Humanos, que normalmente é usado por quem faz bobagem e quem na verdade deveria se defendido se vê numa situação de desrespeito. O ECA também, a principal função do Estatuto é fazer com que jovens "infratores" se defendam e se protejam através dessas leis, tantas coisas boas que ali existem e que deveriam realmente ajudar ficam só no papel. Resumindo, a vida é mais ou menos assim, se eu for assaltado andando sozinho na rua as 8 da noite a culpa é minha que não me precavi, seu for a um estádio de futebol e for agredido por 30 torcedores adversários a culpa também é minha, pois eu não devia ter passado pelo local com a camisa do rival deles. É inversão de valores, é o cumulo da impunidade, uma montanha de maus exemplos de quem deveria dar bons exemplos (políticos, líderes de qualquer segmento, pais e etc...), a lista é longa e não teria fim.  
Postagem de desabafo sobre tudo praticamente, é um assunto que é impossível seguir uma linha de raciocínio e de classificar dentro de uma temática, é tudo interligado. Por isso que jamais serei sociologo ou antropologo, é muito loucura. Se não bastasse isso tudo, ainda tenho Celso Roth como técnico do meu time.  

segunda-feira, 21 de março de 2011

Projeto Cidade Escola e o começo de suas atividades na Escola "Décio"

Hoje foram retomados os trabalhos com os alunos da Escola Municipal Décio Martins Costa, pelo Projeto Cidade Escola. O projeto da SMED/POA desenvolvido em parceria com a FECI (Funfação de Esporte e Cultura do Internacional). Devido ao bom trabalho apresentado no ano passado este ano o Projeto continuará na escola, num modelo muito semelhante ao de 2010.
O projeto propõe que os alunos ocupem o espaço da escola no turno inverso ao ensino regular, no meu caso, turno da manhã. Os alunos são divididos em turmas, conforme sua idade e passam por três "aulas", de português (comigo), de matemática (com a professora Ângela Nascimento) e Educação fisica (com a professora Sarita Rocha). O projeto dá a possibilidade de o aluno obter ajuda no que vem sendo aprendido no ensino regular, o auxilio vem sempre de forma lúdica e diferente do modo tradicional (sempre que possível). Por meio de brincadeiras procura-se atrair o interesse e estimular o aluno a não desistir das dificuldades que por ventura surjam ao longo da caminhada no ano letivo.
Independente dos principais objetivos que estão envolvidos no Projeto muitos outros acontecem por tabela e se tornam tão importantes como os primários. Lá o aluno está dentro de uma estrutura que possibilita os pais ou responsáveis, poderem trabalhar enquanto o filho está envolvido em algo produtivo. Durante o período em que estão na escola, evita-se que o aluno fique "largado" na rua e exposto a vulnerabilidade que são proporcionadas nas zonas onde a maioria das escolas municipais estão inseridas. Crianças na situação em que a maioria se encontra nessas regiões, são expostas muito cedo e tem de escolher ainda muito jovens por caminhos que na maioria das vezes ainda não estão prontas para decidir, ali envolvidas no espaço da escola no mínimo se adia isso, na rua existe muita possibilidade de se desenvolver a "sementinha do mal", estando na escola além de se reduzir o tempo de exposição a isso, ainda se aproveita e tenta se plantar a "sementinha do bem". Além de terem alimentação balanceada no lanche e almoço oferecidos pela escola.
Nesse breve resumo se entende a importância desse projeto (e de outros semelhantes)e a contribuição efetiva na vida e formação dessas crianças. Citei algumas coisas importantes, mas existem tantas outras envolvidas, o Projeto, professores, colegas e o dia a dia, atingem cada de criança de uma maneira diferente. Entre os 75 alunos que foram recebidos hoje pela manhã, um número muito grande retornou para continuar esse anos (não sei precisar em números ainda) e foi muito gratificante ouvir dos pais o quanto o "Projeto" contribuiu na vida das crianças, e por isso levaram os pais a novamente acreditarem no "Projeto" e nos educadores que passam 3 horas de cada dia em boa companhia, sejam nós na deles, ou os alunos na nossa.
Que 2011 seja melhor do que foi 2010 e que muitas realizações façam parte desta caminhada, sempre que tiver algo relevante postarei por aqui.

Site do Projeto:

Blog do Projeto na Escola Décio Martins Costa (turno da manhã)

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval é alienação para quem quer

Todo ano acontece a mesma coisa, quando é chegado o carnaval sempre surgem centenas de discussões sobre o significado, utilidade e o que representa o carnaval (principalmente do RJ com as Escolas de Samba). Quase sempre vejo opiniões preconceituosas sobre o assunto e com argumentos simplistas. Eu tenho uma opinião que muitos não concordam. Falar de carnaval não é fácil pois envolvem muitos elementos, e também não sou estudioso ou especialista no assunto, muito embora, é um tema que me desperta muita curiosidade e na qual aprecio muito saber sempre mais. 
Fazendo uma analise superficial sobre o carnaval atual eu vejo uma goleada de argumentos favoráveis ao modelo blocos/escolas de samba, que se tem com mais "força" do sudeste até o nordeste do Brasil. É impossível fazer sequer um apanhado aqui, sobre a história que origina esses carnavais nos dias de hoje, mas que bastando procurar um pouco, pode-se ter uma noção da riqueza do tema. Atualmente o carnaval pouco tem a ver com o modelo que o originou é verdade, mas isso se dá pela adequação a realidade contemporânea, são outros tempos, outras demandas e outro jeito de viver e/ou levar a vida. Mas na minha opinião é inegável que o carnaval (mesmo que atualmente sendo muito mais um negócio do que qualquer outra coisa) contribui muito mais do que prejudica a sociedade ou o país. Alguns aspectos são importantes ressaltar e lembrar para quem não consiga ver certas contribuições. É significativo o número de turistas que chegam do exterior para "comprar" o carnaval, pra  um país com bastante vocação pro turismo o carnaval é mais um atrativo, além do turismo interno, que tem um aumento absurdo nessa época também. Com isso ganha o comércio, rede hoteleira, empresas de transporte, serviços e até mesmo os trabalhadores informais. O carnaval carioca é uma das imagens mais positivas do Brasil para o mundo, muito noticiado e assistido por milhares de pessoas, levando uma imagem positiva do país principalmente no exterior. Negligenciar que por trás de alguns "excessos" existem coisas positivas é ser simplista, nós historiadores devemos dar mais atenção a isso, afinal o carnaval de escolas de samba são mergulhados na "história", seja de lugares, pessoas ou de um determinado espaço de tempo. Como exemplo no RJ podemos citar a União da Ilha que vai contar os mistérios da vida passando pelo navio Beagle de Charles Darwin ou a Portela que vai contar a importância que a navegação teve através do tempo. A história é contada de forma lúdica, ferramenta que ganha muito mais qualidade quando transmitido pela tv e narrado para  o espectador, sobre o significado de uma fantasia, carro alegórico ou enredo. A pena é que pela TV se perde o fator "festa", não imagino ninguém sambando e cantando na frente da TV como se estivesse em um sambodromo. Também é válido ressaltar que o carnaval é uma manifestação cultural e popular, na medida que comunidades (algumas vezes carentes) se envolvem na construção de algo gigantesco e na comemoração do carnaval durante os desfiles de sua escola de samba e blocos, ali se representa a capacidade de organização, mobilização, transformação e poder de uma comunidade. Tem outra questão importante também, as escolas de samba atuam o ano todo em comunidades (na maioria pobres), com um belo trabalho de inclusão e responsabilidade social, um legado que vai além dos desfiles na avenida e onde as vezes o poder público não atua como deveria. Sem contar que uma escola de samba conta com uma "orquestra" de centenas de ritimistas, que embalam cerca 3.000 pessoas para atravessar a avenida e botam pra dançar outras tantas na arquibancada, é no mínimo contagiante. Ao escrever esse texto surgiu-me uma inquietação, será que se o ritmo fosse outro teria menos preconceito? Confesso que não sei.
Mesmo envolvendo cifras milionárias (boa parte delas públicas) para "fazer acontecer" e não tendo quase nenhum caráter popular nessa parte, o carnaval aquece o mercado de trabalho já que emprega muita gente, desde um artesão e costureira até algum residente próximo ao local dos desfiles (alugando banheiro, vendendo comida, alugando "vestiario" e até "chapelaria"), no meu modo de ver isso tudo é um investimento válido e quase garantido de retorno satisfatório. É a força de trabalho humana que transforma o carnaval.  
Fazendo uma reflexão rasa dá pra perceber inúmeros argumentos positivos no "carnaval sem vergonha" transmitido na tv ou que movimentam milhares de pessoas no nordeste. Existem argumentos sólidos contra obviamente, como alienação (discordo em muita coisa nisso), excessos, aumento da violência, sujeira nas ruas e outros, mas na minha opinião o carnaval mais contribui do que prejudica, falo do carnaval de blocos ou escolas de samba nesse caso. 
Normalmente quem é contrário ao carnaval tradicional, são os mesmos que se envolvem com um modelo de carnaval que é comum aqui no sul. Muitas dessas pessoas passam o feriadão todo na praia (gaúcha ou catarinense), fazendo festas em casas noturnas todas as noites possíveis. Coisas que não precisam de um feriadão de carnaval pra isso, se faz todo o fim de semana o ano todo e com conseqüências que vemos todos os fins de semana do ano inteiro. Incontáveis mortes no transito causados em sua maioria por excesso de bebidas ou drogas é uma delas. Não condeno quem passa o carnaval desse modo, mas é um pouco hipócrita criticar o carnaval tradicional porque se usa pouca roupa, porque é depravado ou porque é alienação da realidade. Afinal de contas nessas festas de carnaval aqui do sul não existe nada de "não alienação", e talvez a  principal  diferença é que não se passa o tempo todo sem roupa, somente em "alguns momentos da noite" (se é que você me entende). 
Resumindo, acredito que qualquer modelo de carnaval tem fatores bons e ruins, mas na minha opinião é muito mais produtivo e gera muito mais retorno carnaval tradicional (blocos e escolas de samba) do que os de "casas noturnas", vê somente alienação no carnaval tradicional quem quer. Parece que uma coisa o carnaval ainda se assemelha com suas origens, um caráter de marginalidade, pois é visto como coisa de pobre, bagaceiro ou de mal gosto. Todos tem o direito de gostar ou não gostar de algo e até de achar sem graça escolas de samba, cansativo, repetitivo e o que mais bem entender. Mas criticar somente por criticar acho exagero.
Dizem que o ano começa depois do carnaval, assim espero. Quarta feira de cinzas completo 26 anos, no aguardo e trocida de uma resposta positiva a mim da 28ª CRE sobre uma vaga para uma escola em Cachoeirinha. Se conseguir a vaga começo o ano muito bem.

Abraços e bom carnaval a todos que desfilarão ou não, e também a todos aqueles que passarão em casa, sem um tostão furado no bolso, como eu.

Carro alegórico da Beija-Flor, campeã de 2007 (Fonte: Site oficial Beija-Flor)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Texto: Professor está sempre errado

Recebi hoje por email este texto e resolvi compartilhar. Segundo o que estava no corpo do email, dizia ser um texto de Jô Soares. Como na internet é difícil garantir de quem é a verdadeira autoria não afirmo ser mesmo do Jô. Se alguém souber se for mesmo de Jô Soares, ou de quem realmente é o texto é só avisar que dou o real crédito.

PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
Se É jovem, não tem experiência.
Se É velho, está superado.
Se Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Se Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Se Fala em voz alta, vive gritando.
Se Fala em tom normal, ninguém escuta.
Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Se Precisa faltar, é um 'turista'.
Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Se Não conversa, é um desligado.
Se Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Se Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Se Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Se Não brinca com a turma, é um chato.
Se Chama a atenção, é um grosso.
Se Não chama a atenção, não sabe se impor.
Se A prova é longa, não dá tempo.
Se A prova é curta, tira as chances do aluno.
Se Escreve muito, não explica.
Se Explica muito, o caderno não tem nada.
Se Fala corretamente, ninguém entende.
Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Se Exige, é rude.
Se Elogia, é debochado.
Se O aluno é reprovado, é perseguição.
Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É... o professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

Salve a todos os professores que mesmo quando tudo está difícil seguem em frente e não desiste!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tormentas. Para André Bugallo e Éder Silveira

De todos os tormentos que possamos ter em nossa existência o que mais me angustia é a solidão. Mas não aquela solidão em que estamos simplesmente desacompanhados. O que me aterroriza é aquela sensação de que ninguém mais no mundo se importa com próximo e até mesmo com o distante. Há muito tempo faço algumas reflexões de ordem existencial, dentro deste enorme cenário de devaneios, a amizade é um tema que toma muito do meu tempo e espaço reflexivo. Por conta disso resolvi voltar à ativa no blog, falando exatamente de amizade, ou melhor, de dois grandes amigos André Bugallo meu parceiro no Luxiuoso e grande amigo pra todas as horas, o outro amigo é o Éder Silveira meu eterno mestre na arte do conhecimento (meu professor na graduação).



Sobre o André Bugallo já adjetivei a sua personalidade em muitas outras blogadas neste espaço, mas cabe mais uma vez salientar ao leitor e principalmente ao amigo André Bugallo, que se trata sim de um grande historiador e professor, com capacidade e conhecimento de dar inveja a muitos que andam por ai. Dito isso quero fazer um mea culpa, e dizer ao amigo André que ele nunca esteve só, e nunca estará, muito embora a distancia possa trazer a sensação de solidão, ou que até mesmo possa parecer que exista alguma indiferença a despeito do momento de vida que esteja passando, falo isso tomando como referencial a última postagem do amigo no Luxiuoso. Quero ratificar aqui pequeno amigo que estamos juntos e misturados e que estou a disposição pro que der vier.


Sobre o Amigo Éder Silveira como não seria diferente é muito complicado adjetivar essa pessoa, mas tenho responsabilidade de tentar minimamente esclarecer quem é quem. Éder é uma raridade em termos de personalidade extremamente inteligente (com certeza uma das 5 pessoas mais inteligentes que conheci na minha existência), sagaz, ácido, crítico, mas acima de tudo honesto, leal, amigo, como dizem por ai esse outro baixinho assim como o primeiro (André) é foda ou melhor é phoda. Ontem a noite o amigo Éder Silveira me brindou com uma noticia que enche de orgulho qualquer amigo que se preze e ou que valorize as vitórias dos amigos. Éder há poucos dias foi nomeado e empossado como professor da Fundação, pros invejosos de plantão Éder encontra neste momento o seu devido lugar, pelo menos por hora pois eu sei que esse ainda é um pequeno vôo para as milhagens que o amigo ainda tem que percorrer.Parabéns Éder Silveira, professor de Universidade Federal, é mole... E como ele mesmo me disse não vai nem precisar tirar seu jatinho do hangar ou se refugiar no interior do país para ser professor de federal vai a pé para o trabalho, ou como diria o meu pai vai de carro 11.


Nossa história recente é sim entrelaçada do ponto de vista da cumplicidade, da amizade e da lealdade, falo sim de mim, André Bugallo e Éder Silveira, por isso reafirmo aqui ao amigo André Bugallo, hoje é o dia de brindarmos a felicidade do Éder, como ontem foi o dia de brindar a minha, e amanhã, logo, logo amanhã será o dia de brindarmos a tua felicidade e ai sim começarmos a nossa “Rave” sem fim pelas estradas da Educação.






É TUDO NOSSO...






Ben Hur Rezende