sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Texto: Professor está sempre errado

Recebi hoje por email este texto e resolvi compartilhar. Segundo o que estava no corpo do email, dizia ser um texto de Jô Soares. Como na internet é difícil garantir de quem é a verdadeira autoria não afirmo ser mesmo do Jô. Se alguém souber se for mesmo de Jô Soares, ou de quem realmente é o texto é só avisar que dou o real crédito.

PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
Se É jovem, não tem experiência.
Se É velho, está superado.
Se Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Se Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Se Fala em voz alta, vive gritando.
Se Fala em tom normal, ninguém escuta.
Se Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Se Precisa faltar, é um 'turista'.
Se Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Se Não conversa, é um desligado.
Se Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Se Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Se Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Se Não brinca com a turma, é um chato.
Se Chama a atenção, é um grosso.
Se Não chama a atenção, não sabe se impor.
Se A prova é longa, não dá tempo.
Se A prova é curta, tira as chances do aluno.
Se Escreve muito, não explica.
Se Explica muito, o caderno não tem nada.
Se Fala corretamente, ninguém entende.
Se Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Se Exige, é rude.
Se Elogia, é debochado.
Se O aluno é reprovado, é perseguição.
Se O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É... o professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

Salve a todos os professores que mesmo quando tudo está difícil seguem em frente e não desiste!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tormentas. Para André Bugallo e Éder Silveira

De todos os tormentos que possamos ter em nossa existência o que mais me angustia é a solidão. Mas não aquela solidão em que estamos simplesmente desacompanhados. O que me aterroriza é aquela sensação de que ninguém mais no mundo se importa com próximo e até mesmo com o distante. Há muito tempo faço algumas reflexões de ordem existencial, dentro deste enorme cenário de devaneios, a amizade é um tema que toma muito do meu tempo e espaço reflexivo. Por conta disso resolvi voltar à ativa no blog, falando exatamente de amizade, ou melhor, de dois grandes amigos André Bugallo meu parceiro no Luxiuoso e grande amigo pra todas as horas, o outro amigo é o Éder Silveira meu eterno mestre na arte do conhecimento (meu professor na graduação).



Sobre o André Bugallo já adjetivei a sua personalidade em muitas outras blogadas neste espaço, mas cabe mais uma vez salientar ao leitor e principalmente ao amigo André Bugallo, que se trata sim de um grande historiador e professor, com capacidade e conhecimento de dar inveja a muitos que andam por ai. Dito isso quero fazer um mea culpa, e dizer ao amigo André que ele nunca esteve só, e nunca estará, muito embora a distancia possa trazer a sensação de solidão, ou que até mesmo possa parecer que exista alguma indiferença a despeito do momento de vida que esteja passando, falo isso tomando como referencial a última postagem do amigo no Luxiuoso. Quero ratificar aqui pequeno amigo que estamos juntos e misturados e que estou a disposição pro que der vier.


Sobre o Amigo Éder Silveira como não seria diferente é muito complicado adjetivar essa pessoa, mas tenho responsabilidade de tentar minimamente esclarecer quem é quem. Éder é uma raridade em termos de personalidade extremamente inteligente (com certeza uma das 5 pessoas mais inteligentes que conheci na minha existência), sagaz, ácido, crítico, mas acima de tudo honesto, leal, amigo, como dizem por ai esse outro baixinho assim como o primeiro (André) é foda ou melhor é phoda. Ontem a noite o amigo Éder Silveira me brindou com uma noticia que enche de orgulho qualquer amigo que se preze e ou que valorize as vitórias dos amigos. Éder há poucos dias foi nomeado e empossado como professor da Fundação, pros invejosos de plantão Éder encontra neste momento o seu devido lugar, pelo menos por hora pois eu sei que esse ainda é um pequeno vôo para as milhagens que o amigo ainda tem que percorrer.Parabéns Éder Silveira, professor de Universidade Federal, é mole... E como ele mesmo me disse não vai nem precisar tirar seu jatinho do hangar ou se refugiar no interior do país para ser professor de federal vai a pé para o trabalho, ou como diria o meu pai vai de carro 11.


Nossa história recente é sim entrelaçada do ponto de vista da cumplicidade, da amizade e da lealdade, falo sim de mim, André Bugallo e Éder Silveira, por isso reafirmo aqui ao amigo André Bugallo, hoje é o dia de brindarmos a felicidade do Éder, como ontem foi o dia de brindar a minha, e amanhã, logo, logo amanhã será o dia de brindarmos a tua felicidade e ai sim começarmos a nossa “Rave” sem fim pelas estradas da Educação.






É TUDO NOSSO...






Ben Hur Rezende

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mercado de trabalho na área da educação

Queria começar o texto lembrando que no ultimo dia 15 completou um ano que eu e Ben Hur nos formamos. Justamente a partir disso criei algumas inquietações sobre o que escrevo hoje. Falarei aqui por mim, apenas minha opinião sobre o tema, não sei o que os colegas pensam sobre o assunto.
Desde que me formei, busquei continuar no meio acadêmico e me matriculei numa especialização de História da África e Afro-Brasileira. Obviamente em uma instituição privada e que existe um determinado custo para me manter como um profissional "atualizado". Para me sustentar e me manter no tal curso, obviamente me lancei ao mercado de trabalho, com intuito de atuar na área que escolhi, estudei e me preparei pra isso, nada mais justo eu querer atuar na área. Leio, vejo e escuto em todos os lugares que faltam professores (principalmente na rede pública). Pois bem, aqui estou eu sedento para abocanhar uma das vagas e o que vejo é pura burocracia, além de não serem feitos concursos na rede pública estadual, as vagas emergenciais são uma verdadeira loteria. Me proponho a atuar em uma cidade distante sem problemas, me disponho a receber meu primeiro salário depois de trabalhar por muito mais de um mês, tudo como manda a burocracia, mesmo assim não é fácil. Resumo, até hoje não consegui nenhuma vaga de caráter emergencial. A consequencia foi de que o professor recém formado que buscava se manter atualizado, teve de abandonar seu curso de especialização.
Mais adiante apareceu uma oportunidade em um projeto social chamado Cidade Escola (um dia falo melhor sobre o projeto), projeto da Prefeitura de Porto Alegre em parceria com a FECI (Fundação de Esporte e Cultura do Sport Club Internacional). No começo de agosto estaria resolvido o meu problema então? Estaria, se o contrato não fosse temporário. Assim sendo não pude me programar para retornar aos estudos. O contrato acabou em dezembro e fui obrigado a retornar a procura de emprego (por saber que era temporário nunca encerrei a procura). As vagas para escolas públicas estão "paradas" e são raras as oportunidades em escolas privadas. Em Porto Alegre então são impossíveis, mandei currículos para todas escolas que conheço (em torno de 20), obtive respostas automáticas em 3 ou 4 e o resto nem isso.  Tive a oportunidade de participar do processo de seleção de duas escolas privadas na cidade de Alvorada, uma em dezembro e a outra em janeiro. Vale ressaltar o padrão adotado para a entrevista, ambas em um primeiro momento adotam uma dinâmica coletiva. Na primeira entrevista tinham 12 candidatos, iriam para a segunda fase 6 deles. Na segunda tinham 20 candidatos e não foi divulgado quantos iriam adiante. Me chamaram a atenção duas coisas, primeiro o caráter "loteria" para avançar, não acredito que ao falar por 30 segundos irá fazer a diferença que vão separar 25% como melhores em relação ao resto, na minha opinião passa adiante quem mostra simpatia, boa apresentação e uma cara que interesse a escola. O outro fato que me chamou atenção é o número de professores de história na mesma condição que eu. Na segunda entrevista além de professor de história a escola estava selecionando professor de Química e Geografia, no total de 24 candidatos, 20 desses buscavam a vaga para professor de história. Depois ouço muitas vezes que quem quer ser vagabundo cursa história.
Em ambos processos seletivos fui selecionado para segunda fase, na primeira ocasião houve uma mudança de planos e ao invés de serem selecionados 6 candidatos a escola preferiu selecionar apenas 2 para uma entrevista individual e mais pessoal, o modelo comum para qualquer seleção, eu me classifiquei entre os 2. Mas no final acabei por não ser chamado. Na segunda seleção (em janeiro)  foram chamados pra segunda fase 6 candidatos e lá estava eu entre eles. Ainda é mais ou menos cedo pra dizer sobre o resultado, mas acredito que não fui chamado também (Esperança ainda existe, mas remotíssima). 
A conclusão que tiro disso tudo é que: Estou feliz com a minha participação e desempenho nas tais entrevistas, pois entre 12 ficar em 2º lugar não é ruim e entre 20 ficar entre os 6 também não é de todo ruim, para um profissional recém formado fico feliz de saber que apresento algo que faz com que as escolas queiram saber um pouco mais de mim. Mas a contra partida disso é da mesma forma que apareceu a oportunidade no ano passado de maneira tardia, que acarretou na interrupção dos meus estudos, esse ano a oportunidade venha tarde demais também. Não digo que é pra continuar os estudos, provavelmente não poderei esperar pela oportunidade na área da educação, assim sendo terei que virar mais uma pessoa formada e que vai trabalhar em uma área completamente diferente da qual estudou e investiu (muito dinheiro por sinal), porque como todo mundo, preciso dinheiro pra viver, me sustentar e continuara vida. E provavelmente terei que continuar vendo propaganda na televisão do Ministério da Educação informando da falta de professores incentivando a formação de novos profissionais e certamente ler no jornal em março ou abril que falta um número espantoso de professores na rede pública estadual. Enquanto se incentiva a formação de novos educadores e se divulga falta deles no mercado, aqui está um deles muito próximo de se sentir obrigado a largar a profissão, antes mesmo de nem ter começado a exercer realmente.  


Se alguém ler isso e quiser me oferecer uma vaga, ainda quero trabalhar na área. Manda um e-mail para: 
profbugallo@yahoo.com.br

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sobre o Dentuço, Picaretagem e o Início do Futebol

Respondendo aos meus colegas colorados do blog, e jurando que essa é minha última declaração sobre futebol (não acho que transformar esse espaço numa interminável discussão Kenny Braga x Cacalo seja válido).
Colocar o foco numa negociação mal-sucedida, não tira o foco de certos fiascos, mas, vamos ao que interessa.
Essa negociação do Dentuço (2x ou 3x dependendo do ponto de vista) Traidor tem ares de novela mexicana, como a maioria dos meus amigos já sabe, sempre fui e continuo sendo contrário a repatriação dele ao Olímpico.
Já jurei que não torceria pelo Grêmio (o que obviamente não vai acontecer) caso isso acontecesse.
Praticamente ninguém cita ou da relevância ao fato de que quem procurou o Grêmio foi o atleta e o seu procurador/empresário/picareta que não vale a pena nem ser citado, prometendo um retorno triunfal de um torcedor e sua origem.
Não sei qual a vontade do Dentuço, se é voltar a jogar bola e retornar a seleção ou subir o morro e fazer pagode e churrasco todo dia, o que ele deveria imaginar é que com 30 anos já mais que na hora de saber o que se quer da vida.
Não dá pra ser massa de manobra do irmão mais velho a vida toda, esse leilão promovido pelo procurador/empresário/picareta, é um tiro no pé, muitos falam em jogada de marketing.
Se essa postura for realmente isso, é total falha, já que constatando através dos comentários dos torcedores (não só do Grêmio, mas de Palmeiras e Flamengo), o que antes era de total apoio a contratação, agora é, vai logo pro outro time, FDP.
Caráter se prova com atitudes, e isso ele já demonstrou que falta faz tempo. Apesar do apoio maciço da mídia do centro do país, ainda acho que uma Libertadores vale bem mais a pena que a taça Guanabara.
Boas férias no Rio de Janeiro, Dentuço.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Parece que não aprenderam nada

Futebol mexe com as paixões, todo mundo sabe. A novela Ronaldinho dos últimos dias tem aflorado ainda mais a relação amor e ódio entre torcida e ídolo (sim, é ídolo). Futebol é muito dinâmico, técnico que sabe tudo um dia, baste perder 3 jogos, ou um clássico e já não presta sendo logo depois é demitido. O artilheiro de hoje é o perna de pau amanhã, enfim. Dentro de todo esse dinamismo e sentimento surge a história entre Ronaldinho e Grêmio ainda no final dos anos 90. Surge um projeto de craque no Olimpico, o jovem teve destaque nacional ao ser o protagonista nas finais do Campeonato Gaúcho de 1999, ficou na história por dribles dados em Dunga e por ter sido decisivo naqueles jogos. Começava o namoro entre torcida e ídolo. O jovem começou a se consolidar na Copa América do mesmo ano, quando em sua estréia pela seleção fez um belo gol contra a Venezuela, dali Ronaldinho não era mais uma promessa, era realidade. A direção do Grêmio num ato de arrogância e um tanto piadista, estendeu uma enorme faixa no Olímpico com a seguinte frase: "Não vendemos craques, favor não insistir".

Realmente a direção estava certa, o craque não foi vendido e saiu de graça para o PSG da França, a recém instituída lei Pelé foi muito bem usada pelo jogador e seu procurador/irmão Assis, o tricolor ficou a ver navios e o torcedor orfão do ídolo. Imediatamente o garoto perdeu o posto de idolatria e virou completamente ao contrário, traidor. Nada do que ele fizesse era reconhecido pelos gremistas, que não o queriam nem de graça de volta ao Olimpico.
Alguns anos se passaram e o Ronaldinho passou a ser a maior estrela do futebol mundial, Ronaldinho era maior que o Grêmio e que quase todos clubes no mundo, uma entidade que se compara a Garrincha ou Maradona. Isso encheu de orgulho o ferido coração gremista, afinal de contas, ele é tricolor e criado em Porto Alegre (centro do mundo) e ainda jogaria contra o Inter a final do mundial de clubes em 2006. Aí estava a chance de se redimir, nunca vi tanta camisa do Barcelona e do Ronaldinho como naquele ano, acho que venderam mais que as camisetas do Grêmio. Todas as esperanças da secação estavam com o dentuço de longas madeixas, era de volta o amor puro. Chegado o dia do "serviço", o ídolo foi anulado pelo contestado (até então) lateral direito do Inter, Ceará acabou com as esperanças dos gremistas e o Inter foi Campeão Mundial em cima de um gremista, talvez o maior deles (pelo menos o mais famoso). Pronto, agora além de traidor era "amarelão". O ódio da torcida se fortaleceu. 
Ronaldinho encheu o bolso (a mão, a mala, um caminhão, container e tudo que se pode imaginar) de dinheiro e parece que não quis mais saber desse "tal" futebol, se transferiu pro Milan teve alguns lampejos de bons momentos e decaiu bruscamente, daí surge o estopim pra mais uma explosão. Grêmio anuncia que está investindo para repatriar o craque, pronto! Torcida, direção, imprensa local, David Coimbra e toda a gremistada esqueceu o ódio e imediatamente tudo ficou lindo novamente, afinal de contas o ídolo para casa retornava, iria saldar a dívida deixada. Com isso choveu notícias e flautas gremistas para cima dos colorados. Mas toda novela tem finais surpreendentes e depois de vários capítulos, se envolveram vários outros clubes, mas nada que abalasse a pose arrogante e piadista da direção do "Imortal" (parece que não aprendem). Essa semana foi dada entrevista coletiva dizendo que tudo estava certo, foi programada festa no Olimpico para apresentação do jogador, nas redes sociais choviam postagens até de quem nem é "tão gremista" saudando a volta do ídolo e craque. Pois é, depois de todo "bafafá", parece que deu tudo errado e hoje o Grêmio anunciou que desiste da contratação do ídolo, não sei ao certo o porque. Mas o fato é que só vejo tristeza e amargura no coração de meus amigos gremistas, os já sofridos parceiros tricolores voltaram a ter ódio do seu maior craque já revelado para o mundo, o sonho de todo gremista é poder dizer que tem entre seus ídolos o Ronaldinho, mas não agora, hoje Ronaldinho além de traidor e amarelão, virou um mercenário. Parece que aos 30 anos de idade o tempo vai ficando cada vez mais curto para um final feliz aos torcedores do Grêmio, sei que essa novela esta longe do fim e quem sabe o dentuço um dia volte ao Grêmio, mas de qualquer forma o que já se passou nessa novela me deixa satisfeito, tá muito bom ver os gremistas não falando de futebol, fugindo ou desviando o olhar quando por mim passam na rua. Ronaldinho, pra eles tu será um traíra, mas fique tranquilo, pois tu é meu ídolo, obrigado por fazer eles sofrerem de novo, e de novo, e de novo. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Já vai tarde 2010

E não é que 2010 chegou ao fim? Época do ano onde todo mundo corre pras lojas do shopping, que os punks ouvem Papai Noel Filho da Puta do Garotos Podres (mas esperneam se não ganham um Ipod), especial do Roberto Carlos na televisão, limbo futebolístico e um calor subsaariano (pelo menos na província).
Tal qual Sérgio Chapelin, estou aqui pra comentar alguns fatos desse ano tão curioso que foi 2010, um ano atípico, pra não dizer bizarro.
No Brasil, um ano com BBB, Copa do Mundo e Eleição Presidencial é praticamente um Carnaval o ano inteiro, senão isso, ao menos temos assunto para as mesas de boteco durante o ano todo.
O ano foi marcado por comoções mundiais, logo no início do ano um terremoto de proporções homéricas atingiu o Haiti e dizimou o pouco que ainda sobrava do já castigado país (Nota para a manchete de um popular jornaleco bairrista aqui do sul: "Gaúchos morrem no Haiti", nada como ser o centro do Universo), tivemos também o drama dos 33 mineiros (34 se considerarmos o Atlético) que ficaram presos em um buraco por 3 meses, mas dessa, felizmente, todos (inclusive o Atlético) saíram.
Tivemos algumas perdas importantes esse ano, dentre elas, do escritor português e prêmio Nobel, José Saramago, outra perda bastante notável, foi a perda da seriedade no processo eleitoral brasileiro.
Nós, que orgulhosamente, já elegemos Macaco Tião e Cacareco "O Rinoceronte", perdemos todo nosso crédito ao elegermos Romário, Acelino "Popó" Freitas, Stepan Necessyan e o mais emblemático deles, o palhaço "Tiririca".
Me atenho ao conceito cedido pela UNICEF para ao termo analfabeto quando digo TIRIRICA É ANALFABETO, sinto vergonha de ser representado por ele na Câmara dos Deputados (eu sei, ele foi eleito representante de São Paulo, mas estamos todos no mesmo barco, diferente do que fala a Zero Hora), o pessoal confundiu protesto com burrice.
Outro ponto negativo desse processo foi a campanha, digna das campanhas americanas dos anos 90 atingimos o mais baixo nível, com acusações pessoais de dois candidatos que no geral eram mais parecidos que diferentes entre si.
Falando na eleição presidencial, elegemos a primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Roussef, provável mulher mais poderosa do mundo (se rala Hillary Clinton, Angela Merkel e Cristina "La Rainha Del Botox" Kirchner), não acho que teríamos grandes mudanças elegendo o Sr. Burns, mas entendo que ficaria difiícil coordenar a Usina de Springfield e o Brasil ao mesmo tempo.
Mas já que foi ano de Copa do Mundo, não posso esquecer o futebol, ano de surpresas, nosso anão zangado (Dunga), ficou devendo na Copa do Mundo, mas num mapa geográfico da América do Sul pós-Campeonato Mundial, ainda bateríamos nossos hermanos da terra de Carlos Gardel, se bem que, para alegria de Eduardo Galeano, tomaríamos uma surra dos nosso amigos "Dulce de Leche".
Seguindo no tópico futebolístico e fechando o ano com chave do ouro, tivemos outro fato inédito no futebol mundial (ah, parece que a Espanha foi campeã mundial), tivemos pela primeira vez na história do esporte um time de futebol proveniente do continente africano jogando a final do Campeonato Mundial Interclubes, fato protagonizado pelo glorioso Mazembe do Congo.
Para encerrar essa retrospectiva falha, parcial e curta, deixo vocês com um pouco da alegria desse time africano que encantou o mundo na última semana.
E que venha 2011, sem tanta bizarrice, mas venha.






Boas Festas pra todo mundo

Lucas

domingo, 31 de outubro de 2010

Eleição

Muito embora entenda que o luxiuoso seja um espaço apartidário e multidisciplinar, achei pertinente a publicação de um artigo do Professor Durval Presidente da Anpuh, que é no minímo objeto para a nossa reflexão, lembrando a todos que o Luxiuoso além de um espaço de diverssão de seus escritores e leitores, trata-se também de um espaço sério e mais um forum para que se travem discussões e reflexões em torno do que a acontece em nosso país.

Ben Hur Rezende

Presidente da ANPUH, Durval Muniz, se posiciona a favor de Dilma Roussef e contra a campanha caluniosa de José Serra



By Administrador


Dois Projetos Radicalmente Diferentes


Durval Muniz de Albuquerque Júnior


Estamos num momento decisivo da vida brasileira, onde qualquer omissão pode ser imperdoável. Eu, que faço parte da parcela ainda privilegiada de brasileiros que conseguiu concluir um curso superior e fazer uma formação pós-graduada, não ficaria com a consciência tranqüila se não viesse a público, neste momento, com o uso daquilo que sei fazer: refletir, pensar, para tentar contribuir no sentido de dar um mínimo de racionalidade a um processo eleitoral que, muito pela influência de determinados setores da mídia, mas infelizmente também com a participação decisiva de candidaturas como a de José Serra e Marina Silva, descamba para se tornar uma discussão obscurantista, rasteira, mistificadora e preconceituosa, sobre temas e aspectos nomeados genericamente de “valores”, que interessam de perto aos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade brasileira, fazendo ressuscitar dos porões das almas, das mentes e do interior da sociedade forças e subjetividades microfacistas.


Dirijo este texto àqueles que fazem parte como eu desta parcela letrada da sociedade, notadamente, daqueles alojados no interior da Universidade, e que, para minha surpresa e decepção, vêm manifestando a intenção de votar em José Serra no segundo turno das eleições. Como estou escrevendo para pessoas que julgo estar sob o império da racionalidade, nem me vou ocupar de rebater os motivos e argumentos apresentados para não se votar em Dilma Rousseff, em uma das campanhas mais sórdidas, mais caluniosas, injuriosas e preconceituosas já levadas a efeito no país, com a participação decisiva do candidato Serra e da mídia golpista que o apóia, a mídia que medrou e engordou durante a ditadura militar, campanha só comparável àquela de 1989, que levou ao poder o queridinho das elites brancas da época: o caçador de Marajás, Fernando Collor, (e todos sabem no que resultou aquela aventura amparada em retórica e práticas tão farisaicas, despolitizadoras e moralistas como as que embasam a atual candidatura tucana).


Embora pareça que para estes meus colegas, de estômagos fortes, não causa repugnância e náusea uma candidatura que explora e incentiva o tradicional desapreço e desprezo das elites brasileiras pelos nossos vizinhos da América Latina, pelos africanos e pelos asiáticos (o que fica demonstrado pelos ataques do candidato ao Mercosul, à Unasul, a chefes de Estados de países vizinhos democraticamente eleitos, alguns deles pertencentes a grupos historicamente excluídos naqueles países.


Na crítica à política externa do governo Lula mal se disfarçam a xenofobia e o racismo de nossas elites que sempre se julgaram brancas e sempre tiveram os olhos voltados para os Estados Unidos e para a Europa, onde na verdade sempre sonharam em viver; a política externa de FHC, onde o presidente falava inglês e o chanceler como um lacaio tirava os sapatos para passar nas alfândegas dos países desenvolvidos mostra bem isso); uma candidatura que explora o preconceito contra as mulheres, candidatura sexista, machista e misógina, que claramente tenta desqualificar o lugar da mulher na política e que utiliza a velha tática de pôr em suspeita a sexualidade de toda mulher que ousa desafiar os lugares reservados aos homens (com a conivência de inúmeras mulheres ditas independentes e feministas entronizadas como comentaristas na mídia, como Maitê Proença que chegou a convocar os “machos selvagens” para nos livrarem de Dilma; ressalte-se ainda o silêncio cúmplice de grandes lideranças intelectuais e políticas feministas ligadas ao PSDB, que deixo de nomear por respeito às suas trajetórias, que não deveriam necessariamente votar em Dilma, mas se posicionarem veementemente contra o tipo de campanha que faz o seu partido.


Este silêncio poderá custar caro à muitas conquistas feitas pelas mulheres. Me pergunto como pode ser que intelectuais deste quilate possam estar silenciosas diante do uso aético e mistificador da questão do aborto pelo candidato tucano, será que uma vitória eleitoral compensa a perda de uma reputação construída durante anos na luta das mulheres?


Ainda está em tempo de romperem o silêncio!); uma candidatura que explora e acirra o preconceito contra os homossexuais ao espalhar em emails apócrifos e criminosos na internet a suspeita de que Dilma seria lésbica (e qual o problema se fosse, sabemos com que órgãos de seu corpo ela exercerá a presidência); uma candidatura que açula o preconceito contra o pobre e o nordestino, que como sempre são tomados pelas nossas elites de classe média como aqueles ignorantes, que não sabem votar, que votam com a barriga e não com o cérebro, mesmo que estejam votando por defenderem a continuidade do governo que de longe foi o que mais beneficiou estas duas populações (porque votar em defesa do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, é menos racional que votar em defesa dos lucros exorbitantes conseguidos pelos beneficiários do processo de privatização, inclusive os grandes grupos de mídia e do banqueiro que aposta sempre no Meu Banco, Minha Vida?); uma candidatura que faz das mentiras mais descaradas e das promessas mais fajutas a sua apresentação (toma para si feitos dos outros, copia programas das outras candidaturas, promete fazer o que sempre fez diferente quando esteve no poder).


Claro que não vou perder meu tempo discutindo com vocês, que até agora não vomitaram e ainda continuam convictos do voto em Serra, argumentos de enorme racionalidade para não se votar em Dilma como: ela é um poste, ela matará criancinhas (repaginação sofisticada por Mônica Serra, como costuma ser toda repaginação de quem veste Daslu, a honesta Daslu, de conhecido enunciado anticomunista), ela roubou um banco, ela é assassina, ela vai fechar as igrejas, ela acabará com a liberdade de imprensa e outros argumentos ainda mais sofisticados como: “eu não fui com a cara dela”.


Por respeito a vocês todos que acho não seriam capazes de acreditar nestas baboseiras, passo a tratar de uma única justificativa que me pareceu racional, apresentada para o voto em Serra: o sucesso do governo Lula, que todos admitem, até mesmo o candidato Serra que subiu na sua garupa em plena propaganda eleitoral gratuita, teria se dado por este continuar o modelo de gestão perfeito e vitorioso do príncipe dos sociólogos Fernando Henrique Cardoso (há longo email na internet defendendo este ponto de vista racional e respeitável), embora este tenha sido escondido sistematicamente das campanhas do PSDB desde que deixou a presidência seguido de um sentimento de alívio nacional e já vai tarde na maioria de corações e mentes, até nos de muitos dos que hoje esquecidos ou arrependidos tentam salvar o seu legado e resolvem votar em seu candidato.


Como sou historiador, e este profissional tem como ofício ir ao passado para justamente olhar o presente de outra perspectiva, vou lançar mão de alguns traços da história do pensamento econômico no Brasil para tentar convencê-los de que no dia 31 de outubro estarão em confronto dois projetos radicalmente diferentes de país, duas maneiras distintas de interpretar e entender a sociedade brasileira, sua história, sua dinâmica econômica e social, formas radicalmente distintas de pensar a inserção do Brasil no capitalismo globalizado, nas relações internacionais, formas distintas de pensar a dinâmica do desenvolvimento e o papel que o Estado e as distintas classes e grupos sociais desempenharão neste processo.


E quando digo ser radical é justamente porque, como sabemos, radical é algo que se dá desde as raízes, desde suas matrizes teóricas e políticas. Pretendo mostrar que Serra e Dilma representam projetos bastante distintos para o país, porque PSDB e PT representam formulações teóricas distintas da realidade brasileira. Como estamos diante de dois candidatos que não despertam muitas paixões, talvez possamos ter discussões mais racionais, desde que se esteja disposto a se explicitar o projeto que cada um representa (além de representar sua enorme ambição pessoal, seu projeto de ser Presidente da República, de fazer parte da galeria de nossos Presidentes, sonho que ele já realizou, pelo menos na propaganda eleitoral e espero que só lá; Serra representa um projeto de governo que não pode explicitar, que não pode revelar sob pena de não ser eleito, por isso ele protocolou como programa de governo no TSE um discurso, mesmo assim tendo a candidatura deferida: por lá também os amores serristas parecem ter se intensificado, até com trocas de telefonemas amáveis).


Para entendermos o jeito PSDB de governar temos que entender as matrizes teóricas que sustentam suas ações. É inegável que o intelectual orgânico, para usar um conceito caro a Gramsci, deste partido é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, intelectual respeitado mundialmente.


Emir Sader já perguntou perplexo uma vez: o que pensa o Serra? Ninguém sabe, ninguém viu. O hoje elevado a condição de elite das elites, o guia das “massas cheirosas”, segundo a Catanhede, que se saiba nunca teria concluído os cursos de graduação que diz ter e sua Tese de Doutorado, da qual voltarei a falar, anda desaparecida da única biblioteca em que está depositada (por que será que o vaidoso Serra nunca traduziu e trouxe a lume sua obra máxima?).


Ele passou oito anos no governo FHC, exercendo diferentes cargos, sempre aparecendo na mídia como estando à esquerda no partido, como crítico de Malan, como alguém que criticara o Plano Real, mas jamais escreveu algo sobre isto e no governo permaneceu.


Como gestor de mandatos nunca concluídos, não foi capaz de imaginar uma política pública, um programa de governo que possa se dizer original e criativo, se notabilizando mais por desmontar e destruir o que vinha sendo feito antes, até mesmo pelo seu companheiro de partido Geraldo Alckmin (pensem nisso amigos queridos, se duvidarem de mim, pesquisem sobre o desmonte dos programas sociais e educacionais deixados pela Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo). Não é preciso dizer dos inúmeros prêmios internacionais recebidos por diferentes gestões do Partido dos Trabalhadores em municípios, Estados e agora nos dois governos Lula por imaginar e criar inovadoras políticas públicas (se duvidarem, pesquisem: só o Presidente Lula já ganhou até agora mais de duzentos prêmios internacionais, há um site não nacional que se dá o trabalho de arrolá-los todos).


Mas como dizia é no pensamento de FHC que devemos buscar as raízes das propostas pessedebistas para o país. É na Teoria da Dependência, da qual Fernando Henrique foi um de seus formuladores, notadamente na corrente chamada de weberiana, que rivalizava com a chamada corrente marxista encabeçada por Theotônio dos Santos e Ruy Mauro Marini, que devemos buscar o entendimento de como o PSDB vê o país e seu povo, inclusive sua classe empresarial, já que, como sabemos, Cardoso se dedicou a fazer uma sociologia do empresariado brasileiro, de seu comportamento e pensamento.


A Teoria da Dependência surge no início dos anos sessenta, diante da crise crescente apresentado pelo modelo nacional-desenvolvimentista de matriz cepalina que esteve na base da política econômica de governos tão díspares e que a realizaram com ênfases distintas como os governos Vargas, Juscelino Kubsticheck e João Goulart.


Quando uma vez na Presidência da República, Fernando Henrique se propôs a enterrar a era Vargas, ele estava realizando o projeto da Teoria da Dependência que criticava algumas formulações básicas do pensamento cepalino e neoclássico, que na versão henriquiana se afastava também das leituras marxistas tanto vindas do pensamento da CEPAL, quanto no interior da própria Teoria da Dependência, propondo assim o desmonte do Estado nacional-desenvolvimentista e populista, fantasmas que são brandidos hoje pelos economistas e “experts” de plantão convocados pela mídia, que estariam sendo reabilitados pelo governo Lula. Em entrevista com Dilma, Miriam Leitão chegou a comparar o que seria o nacional-desenvolvimentismo de Lula com a política econômica da ditadura militar. Como disse sutilmente Dilma: a Leitão sempre ouve o galo cantar mas não sabe aonde.


É inegável que as formulações econômicas, mas também sociais e políticas do governo Lula têm a sua matriz no pensamento nacional-desenvolvimentista cepalino, mais precisamente no pensamento do maior economista brasileiro, o paraibano Celso Furtado, por quem Lula sempre teve uma admiração quase devocional. Como sabemos Celso Furtado se manteve ativo, produzindo e participando diretamente da vida política brasileira até pouco tempo antes de sua morte.


Seu pensamento passou por reformulações e ajustes, mas manteve uma espinha dorsal que, como tentaremos deixar claro, é a própria espinha dorsal do projeto que hoje a candidatura Dilma assume e que queremos ver continuar com ela. É preciso ainda chamar atenção para dois aspectos relevantes: o atual Ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi mesmo dentro do PT identificado como um nacional-desenvolvimentista, dedicou seu trabalho de doutorado a estudar o pensamento de Celso Furtado e, é preciso lembrar ainda, que Dilma Rousseff começou a sua militância administrativa no Rio Grande do Sul, ligada a um governo do Partido Democrático Trabalhista, encabeçado por Leonel Brizola, muito próximo das formulações nacional-desenvolvimentistas.


A grita e o arreganho de dentes, sem pejos, da mídia neoliberal no Brasil se deve ao fato desta identificar em Dilma não uma mera continuidade, mas um aprofundamento da visão nacional-desenvolvimentista em seu governo em relação ao governo Lula. A acirrada querela em torno dos destinos da Petrobrás, empresa símbolo das conquistas que o nacional-desenvolvimentismo de inspiração cepalina trouxe para o Brasil, assim como em torno dos destinos dos financiamentos do BNDES, que não podemos esquecer teve como seu formulador e primeiro Presidente Celso Furtado, torna claro que o que está em jogo nestas eleições não é a religiosidade ou não da Dilma, sua sexualidade, sua experiência administrativa ou seus “valores”, são de “outros valores de que se trata” (como a Marina e seus seguidores verdes, pelo menos os sinceros, foram cair numa armadilha dessas, como podem manchar uma trajetória de vida e política de anos se colocando a serviço de forças e interesses que parecem desconhecer, tudo por causa de quinze minutos de fama na Rede Globo, que a teria triturado com os mesmos argumentos vis e baixos com que faz com Dilma se ela efetivamente tivesse viabilidade eleitoral).


Pecado mortal de Furtado e de Lula, ambos olharam para o Nordeste, ambos são filhos deste rincão enjeitado do país, onde medra uma das piores elites políticas desta terra, ambos não abriram os olhos no planalto paulista, onde luminares como Otavinho Frias e a família Mesquita distribuem a agenda para o país, em consonância com um partido que nunca lançou uma candidatura que não seja paulista, deixando claro a falta de visão de Brasil que os assaltam, como assaltava à Teoria da Dependência. Formulador da SUDENE e seu primeiro superintendente, Furtado sempre apostou no Estado como indutor de uma política de industrialização capaz produzir o desenvolvimento apesar da dependência externa.


Sabemos que desde que FHC aderiu às teses neoliberais, pois estas já estavam em germe em seu pensamento, como deixaremos claro a seguir, a crítica a esta centralidade do Estado, de seu papel como indutor de políticas cambiais, fiscais, de investimento, de distribuição de renda, de combate às desigualdades regionais e sociais, que alavancassem um desenvolvimento endógeno do capitalismo brasileiro, será a pedra de toque do discurso econômico do PSDB, por isso mesmo se aliando a um partido de extrema direita, o antigo PFL, agora DEM, com vagas formulações liberais, um baluarte na luta pelos interesses dos grandes grupos privados nacionais e internacionais em detrimento dos interesses nacionais.


Desmontar o Estado, desmontar as empresas duramente criadas e conquistadas à duras penas com a acumulação de capital realizada pelas políticas nacional-desenvolvimentistas passou a ser a obsessão dos governos do PSDB, tendo em Serra um dos maiores entusiastas, a abrir seu sorriso cheio de gengiva sempre que batia um martelo e entregava o produto de anos de suor dos trabalhadores brasileiros para os capitais nacionais e internacionais, muitos de duvidosas origens, outros sendo agraciados com ajudas vultosas do BNDES para comprarem com dinheiro público e privatizarem o que era público.


Tanto a Teoria da Dependência, quanto a Teoria do Desenvolvimento, elaborada pelos cepalinos, revista e aperfeiçoada por Furtado, concordavam em superar a visão apenas sistêmica e baseada no equilíbrio de fatores da economia neoclássica. Ambos por vias distintas, vão aliar as reflexões econômicas com reflexões sobre as estruturas e relações sociais no país e o papel da política e do Estado na gestão da economia. Podemos dizer que ambas refletem o impacto que representou o pensamento keinesiano para o campo econômico, e sua capacidade de formular as políticas públicas que retiraram os EUA e o restante do mundo da crise sistêmica de 1929.


Só que ambas divergem num ponto fulcral, notadamente na versão weberiana encarnada pela obra de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto: ambas concordam que o subdesenvolvimento é produto do próprio desenvolvimento do capitalismo, que se dá desigualmente gerando um centro e uma periferia do sistema, que tende a reproduzir subordinadamente a dinâmica que é dada pelas economias centrais e seus modelos. Ambas concordam na possibilidade de haver desenvolvimento mesmo na periferia, de haver desenvolvimento apesar da dependência e da subordinação, mas divergem frontalmente de como isto seria possível.


Nesta divergência estão as raízes das divergências entre as políticas não só econômicas, mas sociais, de relações internacionais, de alianças políticas, de formulação de políticas públicas que estão representadas nas candidaturas Serra e Dilma. Na Tese de Doutorado que defendeu nos EUA, Serra teria criticado a política econômica do governo Allende do qual participara, com Allende já morto e deposto pelo golpe de Estado apoiado pelo governo americano (Serra parece adorar criticar os governos de que participa, pois quem conhece a peça sabe de sua megalomania e de sua vaidade infinita, além de que, aqui, amigos, merece uma parada para reflexão: como é que alguém que serviu ao governo Allende vai parar nos EUA e é recebido pelo governo que patrocinou o golpe no Chile, terá sido para Serra escrever o que escreveu?).


A crítica se centra não apenas no combate ao pensamento cepalino, esposado ainda por setores presentes no governo chileno, como no combate a Teoria da Dependência em sua versão marxista, que não acreditava ser possível haver desenvolvimento nos países periféricos sem a derrubada revolucionária do capitalismo. Talvez a mistura explosiva do reformismo cepalino com o revolucionarismo daqueles que pensavam diferente de FHC, que sempre descartou a necessidade de uma revolução socialista para que o desenvolvimento se fizesse na periferia do sistema, tenha levado ao desastre da política econômica de Allende atacada na Tese do aspirante a Presidente da República pelo PSDB. Talvez assim possamos entender porque Lula e sua política econômica já foi chamada por grandes luminares da imprensa e da vida parlamentar de bolchevista e até de albanesa (seriam ilários, se não fossem tão primários).


A diferença matricial entre as duas posturas gira em torno da possibilidade de um desenvolvimento capitalista, porque é disso que se trata, não de revolução ou bolchevismo, feito na periferia, colocando como centro do processo a aliança estratégica entre empresariado nacional, Estado e classes trabalhadoras por um lado e os setores externos por outro, aquilo que FHC andou chamando de mexicanização, venezualização, retorno do peronismo (como usa bem e precisamente as categorias nosso sociólogo).


Para as formulações cepalinas lá dos anos cinqüenta, com seu nacionalismo típico da época, as forças externas eram encaradas como obstáculo ao desenvolvimento do país, assim como as forças internas a eles aliadas como os setores agrário-exportadores. Mesmo reformulando mais tarde estas ideias, Furtado mantém a opinião que o processo de desenvolvimento, em países como o Brasil, deve ter como motor as forças econômicas, sociais e políticas nacionais, que saibam inserir o país na economia global, mas tendo seus interesses estratégicos sempre à frente e bem definidos.


Para ele, o Brasil tinha um enorme potencial de crescimento endogenamente gerado por seus amplos recursos naturais, por já ter internalizado e desenvolvido o processo de industrialização, devendo ampliar bases técnicas, tecnológicas e educacionais próprias, o país já possuía a enorme potencialidade de um grande mercado consumidor de massas, bastando para isto que fossem prioritárias em qualquer política econômica a ênfase em mecanismos distributivos de renda e de redução das desigualdades regionais.


O governo Lula e o sucesso reconhecido mundialmente, até pelos órgãos de imprensa econômica mais conservadores, de sua política econômica, aliada a políticas sociais de distribuição de renda, como o Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo, provou que as teses de Furtado estavam certas. Foi por ter criado um mercado de consumo de massas no Brasil, com a ascensão de parcela significativa da população para as classes médias e a retirada de outras tantas da linha da pobreza absoluta que o Brasil pode enfrentar e vencer rapidamente, com suas próprias forças, a grave crise que vivem os países centrais do capitalismo.


A Teoria da Dependência de FHC nunca acreditou na possibilidade de se fazer o desenvolvimento sem que a direção do processo se desse nos próprios países centrais do sistema. Avaliando como sociólogo a mentalidade empresarial brasileira, FHC sempre foi pessimista em relação a esperar das forças nacionais o nosso necessário desenvolvimento.


Daí por ser um crítico de primeira hora das ideias cepalinas que vêem o elemento externo como obstáculo ao desenvolvimento nacional, que dá imediatamente enorme audiência ao seu discurso no mundo e, por incrível que pareça, entre nossa elite empresarial que parece ter aceitado com gosto e alegria o lugar menor e subalterno que o pensamento da dependência lhes reservava, talvez porque sempre no fundo se sintam não pertencentes ao país, mas estrangeiros em sua própria terra.


Estas formulações da Teoria da Dependência mal disfarçam que requentam teses já bastante gastas entre nossas elites letradas da incapacidade de nosso povo para a civilização, para o progresso, para o trabalho livre, para o desenvolvimento. Nas formulações pessedebistas há clara desconfiança em relação ao nosso povo.


Esta é uma diferença crucial entre Dilma e Serra; Dilma acredita que nosso povo, se estimulado, se receber crédito, se receber salário, se lhe forem dadas condições educacionais e de renda, tem condições de construir um país soberano, capaz de traçar suas próprias estratégias, sem que para isso tenha que se fechar ao mundo, mas tendo uma visão alargada do próprio mundo, não vendo nele apenas o Norte, mas enfatizando a diversificação dos mercados e das relações políticas, diplomáticas e culturais, enfatizando as relações Sul-Sul, tornando o Brasil um país capaz de ajudar a impulsionar o desenvolvimento dos seus vizinhos e países assemelhados ou em níveis piores de pobreza e desenvolvimento humano. Mas se muitos luminares do PSDB não querem que se seja solidário nem no interior da nação, como mostram as políticas predatórias, a guerra fiscal movida covardemente pelo Estado mais rico da nação contra os menores Estados, e a implicância histórica serrista com a Zona Franca de Manaus.


Foi a Teoria da Dependência que inspirou já o primeiro programa econômico apresentado por um candidato tucano a concorrer à Presidência da República. O “choque de capitalismo”, prometido por Mário Covas em 1989, foi finalmente realizado por Fernando Collor e continuado nas duas gestões de FHC e se mostrou efetivamente chocante para a sociedade brasileira. A ideia de que seria expondo os setores da economia brasileira à concorrência externa, abrindo a economia para os fluxos de capital internacionais, privatizando os setores estratégicos dominados pelo Estado e os entregando a moderna gestão empresarial internacional, que se faria o país desenvolver-se, se modernizar, palavra mágica para a Teoria da Dependência henriquiana, se torna o centro das políticas econômicas do PSDB. A concorrência externa também afetaria as relações de trabalho e emprego, as modernizaria, levando a ruína à estrutura burocrático-estatal montada pelo nacional-desenvolvimentismo.


Acompanhada de políticas austeras de gastos públicos, com a redução do Estado, com a modernização e desburocratização da máquina pública, aliada ao combate à inflação, teríamos garantido o desenvolvimento sustentável, aquele que, como vimos, só dava para sustentar os privilegiados de sempre e aos novos que chegaram como um enxame de vespas no lastro do processo de privatização. Ao final, o brilhante resultado desta política, que dizem que Lula apenas continuou, pinçando aspectos menores da política econômica anterior (política de metas de inflação, de superávit primário, de contingenciamento de recursos do orçamento, política de câmbio flutuante, que se esquecem os serristas que só foi adotada depois do desastre provocado pela política de câmbio fixo e Real supervalorizado do pucboy Gustavo Franco, política que empobreceu grande parte do país, mas gerou superlucros nos setores exportadores, principalmente agroexportadores que são eternas viúvas de FHC, como mostra mais uma vez as vitórias serristas em Estados como MT, MS, PR, SC e SP, que se dane a maioria, se a minoria de sempre lucra e muito, está ótimo) que foram mantidos mas subordinados a uma lógica macroeconômica diversa: o país quebrou três vezes, a cada crise econômica em um país lá fora, pois sua economia foi atrelada e completamente exposta às vagas do capital financeiro internacional, fazendo o país acumular uma criminosa dívida em moeda estrangeira, dívida que o governo Lula tratou de reconvertê-la em moeda nacional, garantindo maior soberania sobre as contas internacionais; a quebradeira de setores inteiros da indústria nacional, com o desemprego e a falta de esperança sendo tônica de todo o período, (se reconhecemos que outros setores se dinamizaram como o de telefonia com a privatização, o de energia resultou no apagão histórico de FHC, pois o Estado deixou de investir), o arrocho salarial entre o funcionalismo público, a terceirização e precarização dos serviços se ampliaram, piorando a vida dos mais necessitados do Estado; para os das classes médias que não precisam dos serviços públicos ficou o deslumbramento das novas marcas estrangeiras nas vitrines e dos novos modelos de carros importados e celulares, agora todos se sentiam globais, viviam em Miami, a festa para poucos era geral.


As estradas viraram só buracos, com a exceção daquelas privatizadas, como as do Estado de São Paulo, entregues a grupos privados em troca do melhor preço no ato da concessão e não do menor pedágio, tal como feito no governo Lula, estratégia pensada por Dilma – basta comparar os preços dos pedágios do PSDB e do PT e se notará o jeito diferente de governar, pois se governa para outros grupos sociais, não é para as classes médias apenas, mas principalmente para incluir os mais pobres.


As estradas de ferro sucateadas, a indústria naval e a indústria bélica desmontada, a aeroespacial privatizada. Os brasileiros mais pobres começam a se submeter a migrarem até para o Japão em busca dos empregos que a Petrobrás gerava lá ou na Austrália. Amparada em ampla campanha midiática, que buscava desmoralizar a grande empresa estatal brasileira, o esvaziamento econômico e técnico da Petrobrás preparando para privatizá-la, levou ao trágico acidente do afundamento da Plataforma P-36 (o mesmo governo que não fora capaz de fazer a avançada tecnologia de uma caravela navegar, coisa que os portugueses, tidos em tão baixa conta, já o havia feito desde o século XIV, afundavam uma plataforma e com ela pretendiam afundar a Petrobrás) tal como ocorre agora com os Correios, que sofre inegável campanha de desmoralização, na esperança de que seja a primeira jóia da coroa que Serra, uma vez eleito, leiloará para que assim como na privatização da telefonia se candidatem a OESP, a Globopar, a Folha da Manhã, o Grupo Abril, que tantos esforços fazem em eleger seu candidato do coração e do bolso.


Para concluir, pois já me estendi além da conta, para que vocês meditem bem sobre o passo que darão ao entregar o país a um homem como José Serra, que a mídia que ele financia com dinheiro da educação, enquanto trata os professores de São Paulo a cacetetes e bombas de gás lacrimogêneo, diz ser o mais competente e preparado, convido vocês a ir ao Youtube e assistir um vídeo de uma entrevista dada por Serra ano passado, quando do auge da crise econômica, ao jornalista serrista e de conhecida história de adesão à extrema direita Boris Casoy, onde Serra aparece indisfarçadamente eufórico, com a possibilidade que a crise viesse acabar com a popularidade do governo Lula e facilitar as coisas para ele este ano. Para que sua vontade pessoal de ser Presidente se efetive, como bem diz Ciro Gomes, Serra pisa até no pescoço da mãe, e é capaz de torcer contra o país, que a população venha sofrer este não é um problema para ele, postura que parece ser de muitos de vocês companheiros que resolveram votar em Serra, desde que suas razões particulares justifiquem um voto que pode significar o retorno à miséria de amplos setores da sociedade brasileira, mas vocês têm este direito, votem e depois durmam o sono dos justos.


Mas esta entrevista explicita o desastre que teria sido se ao invés de Lula, de Mantega, das formulações furtadianas que eles representam, fosse o ninho tucano e sua teoria da dependência (dependência ao Norte, diria o pândego e arguto Paulo Henrique Amorim) que estivessem no poder. Serra, do alto de sua sabida arrogância e prepotência, tratou logo de desqualificar todas as medidas tomadas pelo governo Lula, com o riso cúmplice e hiênico do Casoy que arrematou que Lula estava fazendo diferente do que todo mundo estava fazendo nos países centrais do capitalismo (que petulância, como pode discordar do centro), ridicularizaram a fala do Presidente de que aqui a crise seria uma marolinha, e seria sim pois os fundamentos da economia brasileira eram outros bem diferentes da era FHC: tínhamos acumulado grande quantidade de reservas internacionais, ao contrário de perdê-las como com FHC, havíamos nos livrado do monitoramento e das restrições impostas pelos acordos com os organismos internacionais, havíamos pago a dívida com o FMI e Clube de Paris e Lula e Mantega não precisavam mais chamar a Brasília a senhora da mala do FMI a cada vez que se precisava tomar uma decisão em matéria de política econômica, industrial, cambial, financeira, salarial, etc, ou seja, Teoria da Dependência gera o que a nomeia, não duvidem.


Serra pomposo dizia: como reduzir impostos agora que todos os Estados querem preservar seu poder de investimento, como aumentar salários agora que eles tenderão a cair, como ampliar investimento no momento em que a arrecadação vai declinar. O sábio, o preparado Serra fez em São Paulo, o que faria no Brasil, aumentou impostos em plena crise, arrochou como sempre os salários (pergunte a um delegado de polícia de São Paulo o que ele acha do salário dele e porque o PCC só cresce), suspendeu investimentos, privatizou a Nossa Caixa, única empresa estatal que restava, rapidamente adquirida pelo governo federal através do Banco do Brasil, que saiu assim fortalecido da crise.


Quando viu o sucesso da política de Lula que, acima de tudo, conta com aquilo que Serra não tem e nunca vai ter: carisma e popularidade, indo a televisão convocar todos a continuar consumindo, explicando como só ele sabe fazer para a população porque era preciso manter o ciclo virtuoso da economia e não se deixar contaminar pelas nuvens negras profetizadas pelos urubólogos e urubólogas serristas de plantão na mídia e pelos próprios partidos da oposição, correu para copiar algumas medidas tomadas pela equipe econômica que ele havia chamada de inepta, que não tinha a brilhante trajetória de gestor econômico que ele tem.


Façam isso, por favor, assistam a este vídeo, e se ainda assim quiserem entregar o Brasil a Serra, que o façam, mas minha consciência estará tranqüila, tentei fazer um esforço em alertá-los. Eu e o Brasil esperam que mudem de opinião e ele não vença, se mesmo assim ele vencer vou torcer para que eu não venha a me divertir tanto quando encontrá-los, quanto me diverti meses após a posse de Collor, vendo os meus colegas coloridos que haviam votado no caçador de marajás e não no sapo barbudo com medo de perderem suas poupanças, reduzidos a CR$ 50,00 em suas contas. Assim como Collor, Serra sempre faz o que diz que não vai fazer, tenham cuidado. Abraço carinhoso a todos e um feliz e refletido voto para vocês e para o Brasil.