sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mercado de trabalho na área da educação

Queria começar o texto lembrando que no ultimo dia 15 completou um ano que eu e Ben Hur nos formamos. Justamente a partir disso criei algumas inquietações sobre o que escrevo hoje. Falarei aqui por mim, apenas minha opinião sobre o tema, não sei o que os colegas pensam sobre o assunto.
Desde que me formei, busquei continuar no meio acadêmico e me matriculei numa especialização de História da África e Afro-Brasileira. Obviamente em uma instituição privada e que existe um determinado custo para me manter como um profissional "atualizado". Para me sustentar e me manter no tal curso, obviamente me lancei ao mercado de trabalho, com intuito de atuar na área que escolhi, estudei e me preparei pra isso, nada mais justo eu querer atuar na área. Leio, vejo e escuto em todos os lugares que faltam professores (principalmente na rede pública). Pois bem, aqui estou eu sedento para abocanhar uma das vagas e o que vejo é pura burocracia, além de não serem feitos concursos na rede pública estadual, as vagas emergenciais são uma verdadeira loteria. Me proponho a atuar em uma cidade distante sem problemas, me disponho a receber meu primeiro salário depois de trabalhar por muito mais de um mês, tudo como manda a burocracia, mesmo assim não é fácil. Resumo, até hoje não consegui nenhuma vaga de caráter emergencial. A consequencia foi de que o professor recém formado que buscava se manter atualizado, teve de abandonar seu curso de especialização.
Mais adiante apareceu uma oportunidade em um projeto social chamado Cidade Escola (um dia falo melhor sobre o projeto), projeto da Prefeitura de Porto Alegre em parceria com a FECI (Fundação de Esporte e Cultura do Sport Club Internacional). No começo de agosto estaria resolvido o meu problema então? Estaria, se o contrato não fosse temporário. Assim sendo não pude me programar para retornar aos estudos. O contrato acabou em dezembro e fui obrigado a retornar a procura de emprego (por saber que era temporário nunca encerrei a procura). As vagas para escolas públicas estão "paradas" e são raras as oportunidades em escolas privadas. Em Porto Alegre então são impossíveis, mandei currículos para todas escolas que conheço (em torno de 20), obtive respostas automáticas em 3 ou 4 e o resto nem isso.  Tive a oportunidade de participar do processo de seleção de duas escolas privadas na cidade de Alvorada, uma em dezembro e a outra em janeiro. Vale ressaltar o padrão adotado para a entrevista, ambas em um primeiro momento adotam uma dinâmica coletiva. Na primeira entrevista tinham 12 candidatos, iriam para a segunda fase 6 deles. Na segunda tinham 20 candidatos e não foi divulgado quantos iriam adiante. Me chamaram a atenção duas coisas, primeiro o caráter "loteria" para avançar, não acredito que ao falar por 30 segundos irá fazer a diferença que vão separar 25% como melhores em relação ao resto, na minha opinião passa adiante quem mostra simpatia, boa apresentação e uma cara que interesse a escola. O outro fato que me chamou atenção é o número de professores de história na mesma condição que eu. Na segunda entrevista além de professor de história a escola estava selecionando professor de Química e Geografia, no total de 24 candidatos, 20 desses buscavam a vaga para professor de história. Depois ouço muitas vezes que quem quer ser vagabundo cursa história.
Em ambos processos seletivos fui selecionado para segunda fase, na primeira ocasião houve uma mudança de planos e ao invés de serem selecionados 6 candidatos a escola preferiu selecionar apenas 2 para uma entrevista individual e mais pessoal, o modelo comum para qualquer seleção, eu me classifiquei entre os 2. Mas no final acabei por não ser chamado. Na segunda seleção (em janeiro)  foram chamados pra segunda fase 6 candidatos e lá estava eu entre eles. Ainda é mais ou menos cedo pra dizer sobre o resultado, mas acredito que não fui chamado também (Esperança ainda existe, mas remotíssima). 
A conclusão que tiro disso tudo é que: Estou feliz com a minha participação e desempenho nas tais entrevistas, pois entre 12 ficar em 2º lugar não é ruim e entre 20 ficar entre os 6 também não é de todo ruim, para um profissional recém formado fico feliz de saber que apresento algo que faz com que as escolas queiram saber um pouco mais de mim. Mas a contra partida disso é da mesma forma que apareceu a oportunidade no ano passado de maneira tardia, que acarretou na interrupção dos meus estudos, esse ano a oportunidade venha tarde demais também. Não digo que é pra continuar os estudos, provavelmente não poderei esperar pela oportunidade na área da educação, assim sendo terei que virar mais uma pessoa formada e que vai trabalhar em uma área completamente diferente da qual estudou e investiu (muito dinheiro por sinal), porque como todo mundo, preciso dinheiro pra viver, me sustentar e continuara vida. E provavelmente terei que continuar vendo propaganda na televisão do Ministério da Educação informando da falta de professores incentivando a formação de novos profissionais e certamente ler no jornal em março ou abril que falta um número espantoso de professores na rede pública estadual. Enquanto se incentiva a formação de novos educadores e se divulga falta deles no mercado, aqui está um deles muito próximo de se sentir obrigado a largar a profissão, antes mesmo de nem ter começado a exercer realmente.  


Se alguém ler isso e quiser me oferecer uma vaga, ainda quero trabalhar na área. Manda um e-mail para: 
profbugallo@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Caro historiador André:
    Entendo melhor do que ninguém a tua aflição, muito embora a sorte tenha me brindado com uma colocação em uma escola exercendo a função para qual nós estudamos e nos preparamos. Sei que a vida não perdoa na questão tempo (mesmo que nós historiadores persistimos em relativizar o tempo) mas as contas, as dividas e as necessidades não são relativas, ao que me parecem são bem reais mesmo. Compartilho e me solidarizo como teu desabafo, pois são justas todas as palavras escritas nesta blogada. Mas é fundamental que te diga não como colega de profissão como amigo que somos, que ainda acredito na educação, acredito na tua colocação como professor e por fim e mais importante eu acredito em ti e na tua capacidade....Afinal de contas como diz o titulo de um ótimo DVD, somos capazes de fazer coisas e ou alcançar coisas INACREDITÁVEIS...


    Ben Hur Rezende

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