segunda-feira, 21 de março de 2011

Projeto Cidade Escola e o começo de suas atividades na Escola "Décio"

Hoje foram retomados os trabalhos com os alunos da Escola Municipal Décio Martins Costa, pelo Projeto Cidade Escola. O projeto da SMED/POA desenvolvido em parceria com a FECI (Funfação de Esporte e Cultura do Internacional). Devido ao bom trabalho apresentado no ano passado este ano o Projeto continuará na escola, num modelo muito semelhante ao de 2010.
O projeto propõe que os alunos ocupem o espaço da escola no turno inverso ao ensino regular, no meu caso, turno da manhã. Os alunos são divididos em turmas, conforme sua idade e passam por três "aulas", de português (comigo), de matemática (com a professora Ângela Nascimento) e Educação fisica (com a professora Sarita Rocha). O projeto dá a possibilidade de o aluno obter ajuda no que vem sendo aprendido no ensino regular, o auxilio vem sempre de forma lúdica e diferente do modo tradicional (sempre que possível). Por meio de brincadeiras procura-se atrair o interesse e estimular o aluno a não desistir das dificuldades que por ventura surjam ao longo da caminhada no ano letivo.
Independente dos principais objetivos que estão envolvidos no Projeto muitos outros acontecem por tabela e se tornam tão importantes como os primários. Lá o aluno está dentro de uma estrutura que possibilita os pais ou responsáveis, poderem trabalhar enquanto o filho está envolvido em algo produtivo. Durante o período em que estão na escola, evita-se que o aluno fique "largado" na rua e exposto a vulnerabilidade que são proporcionadas nas zonas onde a maioria das escolas municipais estão inseridas. Crianças na situação em que a maioria se encontra nessas regiões, são expostas muito cedo e tem de escolher ainda muito jovens por caminhos que na maioria das vezes ainda não estão prontas para decidir, ali envolvidas no espaço da escola no mínimo se adia isso, na rua existe muita possibilidade de se desenvolver a "sementinha do mal", estando na escola além de se reduzir o tempo de exposição a isso, ainda se aproveita e tenta se plantar a "sementinha do bem". Além de terem alimentação balanceada no lanche e almoço oferecidos pela escola.
Nesse breve resumo se entende a importância desse projeto (e de outros semelhantes)e a contribuição efetiva na vida e formação dessas crianças. Citei algumas coisas importantes, mas existem tantas outras envolvidas, o Projeto, professores, colegas e o dia a dia, atingem cada de criança de uma maneira diferente. Entre os 75 alunos que foram recebidos hoje pela manhã, um número muito grande retornou para continuar esse anos (não sei precisar em números ainda) e foi muito gratificante ouvir dos pais o quanto o "Projeto" contribuiu na vida das crianças, e por isso levaram os pais a novamente acreditarem no "Projeto" e nos educadores que passam 3 horas de cada dia em boa companhia, sejam nós na deles, ou os alunos na nossa.
Que 2011 seja melhor do que foi 2010 e que muitas realizações façam parte desta caminhada, sempre que tiver algo relevante postarei por aqui.

Site do Projeto:

Blog do Projeto na Escola Décio Martins Costa (turno da manhã)

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval é alienação para quem quer

Todo ano acontece a mesma coisa, quando é chegado o carnaval sempre surgem centenas de discussões sobre o significado, utilidade e o que representa o carnaval (principalmente do RJ com as Escolas de Samba). Quase sempre vejo opiniões preconceituosas sobre o assunto e com argumentos simplistas. Eu tenho uma opinião que muitos não concordam. Falar de carnaval não é fácil pois envolvem muitos elementos, e também não sou estudioso ou especialista no assunto, muito embora, é um tema que me desperta muita curiosidade e na qual aprecio muito saber sempre mais. 
Fazendo uma analise superficial sobre o carnaval atual eu vejo uma goleada de argumentos favoráveis ao modelo blocos/escolas de samba, que se tem com mais "força" do sudeste até o nordeste do Brasil. É impossível fazer sequer um apanhado aqui, sobre a história que origina esses carnavais nos dias de hoje, mas que bastando procurar um pouco, pode-se ter uma noção da riqueza do tema. Atualmente o carnaval pouco tem a ver com o modelo que o originou é verdade, mas isso se dá pela adequação a realidade contemporânea, são outros tempos, outras demandas e outro jeito de viver e/ou levar a vida. Mas na minha opinião é inegável que o carnaval (mesmo que atualmente sendo muito mais um negócio do que qualquer outra coisa) contribui muito mais do que prejudica a sociedade ou o país. Alguns aspectos são importantes ressaltar e lembrar para quem não consiga ver certas contribuições. É significativo o número de turistas que chegam do exterior para "comprar" o carnaval, pra  um país com bastante vocação pro turismo o carnaval é mais um atrativo, além do turismo interno, que tem um aumento absurdo nessa época também. Com isso ganha o comércio, rede hoteleira, empresas de transporte, serviços e até mesmo os trabalhadores informais. O carnaval carioca é uma das imagens mais positivas do Brasil para o mundo, muito noticiado e assistido por milhares de pessoas, levando uma imagem positiva do país principalmente no exterior. Negligenciar que por trás de alguns "excessos" existem coisas positivas é ser simplista, nós historiadores devemos dar mais atenção a isso, afinal o carnaval de escolas de samba são mergulhados na "história", seja de lugares, pessoas ou de um determinado espaço de tempo. Como exemplo no RJ podemos citar a União da Ilha que vai contar os mistérios da vida passando pelo navio Beagle de Charles Darwin ou a Portela que vai contar a importância que a navegação teve através do tempo. A história é contada de forma lúdica, ferramenta que ganha muito mais qualidade quando transmitido pela tv e narrado para  o espectador, sobre o significado de uma fantasia, carro alegórico ou enredo. A pena é que pela TV se perde o fator "festa", não imagino ninguém sambando e cantando na frente da TV como se estivesse em um sambodromo. Também é válido ressaltar que o carnaval é uma manifestação cultural e popular, na medida que comunidades (algumas vezes carentes) se envolvem na construção de algo gigantesco e na comemoração do carnaval durante os desfiles de sua escola de samba e blocos, ali se representa a capacidade de organização, mobilização, transformação e poder de uma comunidade. Tem outra questão importante também, as escolas de samba atuam o ano todo em comunidades (na maioria pobres), com um belo trabalho de inclusão e responsabilidade social, um legado que vai além dos desfiles na avenida e onde as vezes o poder público não atua como deveria. Sem contar que uma escola de samba conta com uma "orquestra" de centenas de ritimistas, que embalam cerca 3.000 pessoas para atravessar a avenida e botam pra dançar outras tantas na arquibancada, é no mínimo contagiante. Ao escrever esse texto surgiu-me uma inquietação, será que se o ritmo fosse outro teria menos preconceito? Confesso que não sei.
Mesmo envolvendo cifras milionárias (boa parte delas públicas) para "fazer acontecer" e não tendo quase nenhum caráter popular nessa parte, o carnaval aquece o mercado de trabalho já que emprega muita gente, desde um artesão e costureira até algum residente próximo ao local dos desfiles (alugando banheiro, vendendo comida, alugando "vestiario" e até "chapelaria"), no meu modo de ver isso tudo é um investimento válido e quase garantido de retorno satisfatório. É a força de trabalho humana que transforma o carnaval.  
Fazendo uma reflexão rasa dá pra perceber inúmeros argumentos positivos no "carnaval sem vergonha" transmitido na tv ou que movimentam milhares de pessoas no nordeste. Existem argumentos sólidos contra obviamente, como alienação (discordo em muita coisa nisso), excessos, aumento da violência, sujeira nas ruas e outros, mas na minha opinião o carnaval mais contribui do que prejudica, falo do carnaval de blocos ou escolas de samba nesse caso. 
Normalmente quem é contrário ao carnaval tradicional, são os mesmos que se envolvem com um modelo de carnaval que é comum aqui no sul. Muitas dessas pessoas passam o feriadão todo na praia (gaúcha ou catarinense), fazendo festas em casas noturnas todas as noites possíveis. Coisas que não precisam de um feriadão de carnaval pra isso, se faz todo o fim de semana o ano todo e com conseqüências que vemos todos os fins de semana do ano inteiro. Incontáveis mortes no transito causados em sua maioria por excesso de bebidas ou drogas é uma delas. Não condeno quem passa o carnaval desse modo, mas é um pouco hipócrita criticar o carnaval tradicional porque se usa pouca roupa, porque é depravado ou porque é alienação da realidade. Afinal de contas nessas festas de carnaval aqui do sul não existe nada de "não alienação", e talvez a  principal  diferença é que não se passa o tempo todo sem roupa, somente em "alguns momentos da noite" (se é que você me entende). 
Resumindo, acredito que qualquer modelo de carnaval tem fatores bons e ruins, mas na minha opinião é muito mais produtivo e gera muito mais retorno carnaval tradicional (blocos e escolas de samba) do que os de "casas noturnas", vê somente alienação no carnaval tradicional quem quer. Parece que uma coisa o carnaval ainda se assemelha com suas origens, um caráter de marginalidade, pois é visto como coisa de pobre, bagaceiro ou de mal gosto. Todos tem o direito de gostar ou não gostar de algo e até de achar sem graça escolas de samba, cansativo, repetitivo e o que mais bem entender. Mas criticar somente por criticar acho exagero.
Dizem que o ano começa depois do carnaval, assim espero. Quarta feira de cinzas completo 26 anos, no aguardo e trocida de uma resposta positiva a mim da 28ª CRE sobre uma vaga para uma escola em Cachoeirinha. Se conseguir a vaga começo o ano muito bem.

Abraços e bom carnaval a todos que desfilarão ou não, e também a todos aqueles que passarão em casa, sem um tostão furado no bolso, como eu.

Carro alegórico da Beija-Flor, campeã de 2007 (Fonte: Site oficial Beija-Flor)